A guerrilha entre os advogados de José Sócrates e o Ministério Público conheceu ontem novo episódio. Tudo porque os arguidos da Operação Marquês só deverão ficar a conhecer nos próximos dias a data em que será proferido o despacho final de inquérito que, ao que tudo indica, deverá ser uma acusação. A notícia foi avançada esta semana pelo “Diário de Notícias” e a Procuradoria-Geral da República (PGR) já a confirmou. Fonte oficial sublinha ainda que Amadeu Guerra, diretor do Departamento Central de Investigação e Ação Penal, “tem acompanhado e está informado sobre o andamento do inquérito”.
Só depois da Páscoa Em declarações ao i, a PGR não adiantou, porém, uma data em concreto: “Oportunamente, depois das férias judiciais, [o diretor do DCIAP] proferirá despacho relacionado com a matéria.”
Em dezembro, Amadeu Guerra tinha considerado não haver razões para chamar a si o processo, pedindo, porém, que lhe fossem feitos relatórios intercalares sobre o trabalho que ainda faltava fazer e as dificuldades da investigação.
A ironia dos advogados Depois destes esclarecimentos oficiais do Ministério Público, os dois advogados de Sócrates, João Araújo e Pedro Delile, emitiram um comunicado cheio de ironias e ameaças. “Um inquérito iniciado, formalmente (que, substancialmente, muito antes), há perto de três anos, justificado por uma anunciada superabundância de indícios, ‘fortes’ e cada dia mais ‘consolidados’, descamba neste espetáculo, abrilhantado com uma detenção manifestamente ilegal, enodoado por quase um ano de uma prisão dita preventiva, ilegal, inútil e abusiva, coreografado por ‘fugas’ de informação e por tropelias congéneres, chega ao termo que a lei e decisões judiciais lhe marcaram, alimentado artificialmente, de prazo em prazo, a outro prazo, até prazo nenhum”, escrevem os advogados de Sócrates num comunicado de oito pontos que termina com uma ameaça:
“Tudo isto tendo em conta, porque este estado das coisas muito o ofende, que o Senhor Engenheiro José Sócrates irá desencadear todo o conjunto de procedimentos, em todas as jurisdições, que possam fazer repor o direito e iniciar a reparação dos prejuízos, morais e materiais, que lhe foram e são causados.”
