Brasil. Milhares querem a demissão de Dilma Rousseff

Brasil. Milhares querem a demissão de Dilma Rousseff


Com a queda do petróleo e os escândalos de corrupção, a situação política no Brasil está ao rubro


O objetivo é apenas um: tirar a presidente brasileira, Dilma Rousseff, do poder.

Nesse sentido, vários milhares de pessoas manifestaram-se ontem em algumas cidades brasileiras para pedir o impeachment de Dilma.

As manifestações foram realizadas no âmbito de um forte clima de descontentamento social pela grave recessão económica que o país enfrenta, bem como pelo escândalo da Petrobras, que envolve vários políticos do país.

A iniciativa dos protestos partiu do grupo Movimento VemPraRua.Net, Movimento Brasil Livre e Revoltados Online, com o objetivo de que este venha a ser o maior protesto alguma vez realizado contra o governo brasileiro.

“Fora Dilma, fora Lula, fora PT”, podia ler-se em vários cartazes de manifestantes em São Paulo, uma das várias cidades brasileiras onde a população, vestida com as cores nacionais – amarelo e verde -, pedia a saída da presidente.

Em Brasília, além dos cartazes, podia ver-se ainda um boneco insuflável gigante com um traje de recluso que representava o antigo presidente, Lula da Silva.

A magnitude dos protestos de ontem pode ser decisiva para convencer o Congresso a apoiar um processo de impeachment contra a presidente brasileira, acusada pelos manifestantes de afundar a economia do país.

Ainda assim, Rousseff, cuja popularidade está perto de níveis negativos recorde, já avisou que não vai abandonar o poder, acusando ainda os adversários de criarem uma crise que está a debilitar o país.

A apoiar as mobilizações estiveram os políticos Aécio Neves – candidato derrotado por Dilma Rousseff nas presidenciais brasileiras – e Jair Bolsonaro, deputado do Partido Progressista, que pediu a prisão para Lula da Silva. A estes nomes juntou-se o senador Álvaro Dias.

As manifestações de ontem passaram as fronteiras brasileiras. Em Nova Iorque e Washington, mais de 250 pessoas manifestaram-se na Times Square. O mesmo aconteceu em Londres, onde 50 pessoas se juntaram para protestar frente à embaixada brasileira. Também em Lisboa, os protestos levaram à rua não só brasileiros como também portugueses.

Mas nem todos estão a favor da saída da presidente brasileira. Na zona sul do Recife, um grupo de manifestantes apoiou Dilma e Lula.

Apelo à paz Na véspera das manifestações, a presidente brasileira pediu que os manifestantes não entrassem em atos de violência nos protestos já agendados.

Dilma falou em Franco da Rocha, São Paulo, depois de visitar algumas áreas atacadas pelas cheias que têm afetado o Brasil. “Para mim, é muito importante a democracia no nosso país. Então eu acredito que o ato de amanhã [ontem] deve ser tratado com todo o respeito. Não acho que seja cabível, e acho que é um desserviço para o Brasil, qualquer ação que constitua provocação, violência e atos de vandalismo de qualquer espécie”, disse.

Dilma Rousseff defendeu ainda que o povo brasileiro tem o direito de se manifestar, mas comparou os protestos com os tempos da ditadura militar. “Faço um apelo pela paz e pela democracia. Porquê? Porque nós vivemos numa época especial. Eu vivi num momento em que, se você se manifestasse, você ia preso. Nós, agora, não. Nós vivemos um momento em que as pessoas podem manifestar-se, que podem externar o que pensam, e isso é algo que nós temos de preservar”, acrescentou.

Impeachment O presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, Eduardo Cunha, aceitou em dezembro o pedido de impeachment contra Dilma Rousseff. Dilma sempre negou quaisquer “atos ilícitos” na sua gestão e garante não ter “nada a temer”. As manifestações podem agora acelerar o processo.