Lisboa. PSP ficou sem ambulâncias para manifestações e formação de tiro

Lisboa. PSP ficou sem ambulâncias para manifestações e formação de tiro


Extinção do serviço aconteceu na última semana e nem os sindicatos foram avisados. Confrontada pelo i, PSP justificou decisão com a necessidade de “racionalizar recursos”


A PSP de Lisboa deixou de ter ambulâncias para dar apoio aos polícias durante as formações regulares de tiro e as manifestações. Segundo o i apurou, a decisão do Comando Metropolitano (Cometlis) tem como objetivo a redução de custos. As três ambulâncias e os 15 operacionais afetos até ao início do mês a este dispositivo serviam também civis, em caso de acidentes durante as provas práticas de uso e porte de armas.

Contactada nos últimos dias, fonte oficial confirmou a decisão, referindo que o serviço foi desativado no início da semana passada. A mesma fonte esclareceu ainda que “os elementos policiais afetos a este serviço serão recolocados nas próximas semanas, após formação adequada (já em curso)”.

De acordo com o esclarecimento, a decisão prendeu-se com a necessidade de “racionalizar recursos”. O Cometlis assegura, no entanto, que não existirá qualquer prejuízo para os profissionais da PSP – uma posição que é contestada internamente.

Outros serviços Além do apoio às formações de tiro e às manifestações, as ambulâncias da PSP eram chamadas sempre que em outras formações – como, por exemplo, as do Grupo de Operações Especiais (GOE) – havia feridos que necessitavam de transporte para o hospital e ainda para levar reformados a consultas médicas.

Apesar de várias fontes contactadas pelo i afirmarem que o serviço era usado com muita frequência, o comando metropolitano garante que não chegava a existir um trabalho por dia: “Em 2015 registámos 275 serviços efetuados, o que dá uma média inferior a um serviço por dia, por parte destas equipas.”

Sindicatos sem informação Até hoje, os sindicatos não foram sequer informados oficialmente da decisão de extinguir o dispositivo de ambulâncias, mas estão atentos às queixas que têm recebido dos profissionais.

Um dos sindicatos que está a acompanhar este caso é o Sinapol. Armando Ferreira, presidente, afirma mesmo que está preocupado com as consequências desta medida.

“Enquanto representante dos trabalhadores da PSP, nas matérias que são de higiene, segurança e saúde no trabalho, considero que os sindicatos tinham de ter sido informados oficialmente da extinção das ambulâncias”, garante.

Armando Ferreira diz também que tal omissão é contrária à lei. “De acordo com a lei que regula o exercício da liberdade sindical e os direitos de negociação coletiva e de participação do pessoal da PSP, deveriam ter sido informados os sindicatos, isto porque esta alteração influencia as condições de higiene e segurança do trabalho”, esclarece.

Segundo este dirigente sindical, a PSP passará a ser uma exceção na Europa, uma vez que “quase todas as congéneres europeias têm uma ambulância da polícia para evacuar feridos policiais em caso de manifestações”.

Mas as críticas estendem-se a outros sindicatos. O presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Rodrigues, considera que é necessário encontrar uma alternativa: “Não existindo ambulâncias, é preciso arranjar uma solução, porque estes meios eram importantes. O Cometlis devia dizer como vai colmatar a falta de ambulâncias, mas a nós ainda não nos foi dito nada.”

PSP não revela detalhes Questionada pelo i sobre qual o valor da poupança conseguida com esta medida e quais os custos que prevê gastar com qualquer solução, a PSP não respondeu.

Noutros comandos do país, o apoio e os primeiros socorros são dados por unidades militares. Entendia-se, porém, que Lisboa necessitava desta equipa específica por concentrar um terço de todos os elementos da PSP – o que significa formações quase diárias. Aliás, a existência de um serviço de ambulâncias afeto a forças de segurança não era uma exceção no país, uma vez que a GNR também dispõe de um dispositivo de ambulâncias.