Djokovic. Só há espaço para um no topo

Djokovic. Só há espaço para um no topo


Sérvio vence Federer para ir à final e desempata os duelos (23-22). Já o tinha feito a Nadal (24-23) e Murray (21-9).  Serena vai estar na 25.ª final à procura do 22.º título.


Roy Emerson nasceu no sítio certo mas vive no sítio errado. Confuso? Explicamos. Roy é australiano, nasceu em Queensland, venceu tudo o que havia para ganhar no ténis e mudou-se para a Califórnia, nos EUA. E vai perder a oportunidade de ver Djokovic igualar o seu recorde de títulos na Austrália – seis. Ou então Roy, tão mal tratado pela vida, não quer mesmo estar lá para assistir. Ou irá à última hora entregar ele o troféu em mãos (será?).

Sim, Roy, hoje com 79 anos, foi mal tratado. O maior expoente do ténis na década de 60, conquistou 12 títulos do Grand Slam (outros 16 em pares), totalizando um recorde histórico de 28 troféus – marca que se mantém até hoje imbatível. É o único a juntar os quatro Grand Slam individual aos de pares. Mas (há sempre um mas certo?) a Roy nunca tem sido dado o devido mérito porque na altura os torneios de Grand Slam eram abertos apenas a jogadores amadores. A Novak Djokovic não podem apontar nada.

Ontem deu cabo de Federer na meia-final e parte como principal favorito para a final, seja o adversário Andy Murray ou Milos Raonic. Djokovic, número 1 mundial, derrotou Roger Federer 6-1, 6-2, 3-6 e 6-3 – é a sexta final do sérvio na Austrália, a quinta nos últimos seis anos e, sim, venceu sempre 2008, 2011, 2012, 2013 e 2015. Roy Emerson também o conseguiu em 1961, 1963, 1964, 1965, 1966 e 1967 e é (até domingo?) o grande conquistador (referência óbvia aos Da Vinci).

Mas o feito de Djokovic é ainda maior à luz dos números, impressionantes por sinal. Desempatou o confronto direto que tinha com Federer: ao 45.º encontro, o sérvio leva 23 vitórias contra 22 – desde 2012 que o suíço, quando venceu a final de Wimbledon, só sabe perder.

Com esta derrota caiu também o último grande opositor do sérvio no circuito. Nadal já tinha caído no início do ano, qunado siau derrotado no Qatar: 6-1 e 6-2. Apenas uma hora e 13 minutos chegou para desempatar o duelo com o espanhol, agora 24-23 a favor do sérvio. “Nunca ninguém jogou assim”, disse Nadal na altura. “A única coisa que posso fazer é dar-lhe os parabéns. Nestas condições é impossível jogar contra ele”.

Há agora Andy Murray, atual número dois mundial, mas não conta para esta estatística: 21 vitórias contra 9. Aos 28 anos é o próprio que diz sentir-se no auge da carreira. Resta Raonic? Nem por isso. Das cinco vezes que o canadiano, 13.º cabeça-de-série em Melbroune, se atravessou à frente do sérvio… saiu derrotado.

“Federer e Nadal fizeram de mim melhor jogador”, disse Djokovic no final. É uma homenagem de alguém que não tem mais ninguém para lhe fazer frente.

Mais uma final Margaret Court não fez como Roy Emerson. Nasceu em Perth por ali ficou, na Austrália. E amanhã, com 78 anos, pode assistir a Serena Williams a ficar cada vez mais perto da sua marca. A norte-americana garantiu mais uma final do Grand Slam é a 25.ª da sua carreira e vai tentar o 22.º título. É aqui que Margaret entra no court para dizer que ainda faltam dois para o seu recorde.

A atual número um do mundo venceu Agnieszka Radwanska 6-0 e 6-4, em pouco mais de uma hora. “Estou muito animada por estar noutra final. São muitas coisas na minha cabeça”, disse Serena.

Angelique Kerber também fez prevalecer o favoritismo e enfrentará Williams na final, graças ao triunfo sobre uma das grandes surpresas da prova, a alemã Johanna Konta, por 7-5 e 6-2.

fel@ionline.pt