A RTP prevê uma abstenção entre os 48 e os 52% nas eleições presidenciais que se realizam esta noite. Na sondagem apresentada pela TVI, a previsão é a de que entre 48 e 51 dos portugueses não vão hoje às urnas.
A confirmarem-se estes valores, será o mais elevado nível de abstenção de sempre na eleição de um presidente da República português (excluem-se as reeleições, com uma taxa de abstenção tradicionalmente mais baixa). Em 2006, Cavaco Silva foi eleito com uma participação de 61,5% dos eleitores (e, em consequência, uma abstenção de 38,5%). Esse tinha sido, até há data, a mais fraca participação eleitoral na eleição de um presidente da República.
Mas esse número pode agravar-se caso as projeções – que dão, na melhor das hipóteses, uma ausência das urnas superior em 10% às eleições de 2006 – se confirmem.
As contas podem fazer-se de outra forma. Se forem tidas em conta todas as eleições e reeleições presidenciais, aí poderá haver dois resultados distintos: se a abstenção se fixar nos 48% (o mínimo previsto), ficará abaixo do recorde registado em 2001, na reeleição de Jorge Sampaio. Nesse ano, o socialista foi reconduzido com 49,7% dos votos.
No entanto, e a confirmar-se o pior cenário, a eleição do próximo presidente da República (caso fique resolvida já hoje e dispense uma segunda volta), Portugal elege um chefe de Estado com um novo recorde mínimo de eleitores a colocar o boletim na urna.
Reações
Marcelo Rebelo de Sousa e Maria de Belém deixaram as reações a estes primeiros sinais para mais tarde.
Na sede de Sampaio da Nóvoa, Pedro Delgado Alves, diretor da campanha do professor universitário, referiu-se a um "aumento da participação" face às últimas presidenciais. O ex-líder da JS alertou, no entanto, para a necessidade de avançar com uma "limpeza dos cadernos" eleitorais, porque se verificar a "presença de muitos eleitores que já não deveriam constar" dos mesmos.
Na sede de Marisa Matias, candidata do BE, Fabian Frederico, também ele diretor de campanha, falou numa "abstenção mais elevada que o desejado" mas não deixou de lembrar a "emigração de mais de meio milhão de pessoas" nos últimos quatro anos e as dificuldades que esses portugueses voltaram a sentir para poder participar nestas eleições.
Cândido Ferreira, um dos dois candidatos a intervir na primeira pessoa, referiu.se a uma campanha que "passou à margem dos verdadeiros problemas dos portugueses" como uma possível justificação para os valores da abstenção. O candidato lamentou, ao mesmo tempo que as eleições tenham ficado marcadas "por haver candidatos de primeiro, de segundw e de terceira".
Vitorino Silva, também ele candidato, reagiu às previsões acusando também a comunicação, neste caso por – sem referir o nome de Marcelo Rebelo de Sousa – "tratar um candidato como se estivesse a ser reeleito".