O Benfica, para muitos, até pode estar na mó de baixo esta temporada, mas no que diz respeito a direitos televisivos não há outro clube tão apetecível em Portugal.Que diga a operadora NOS, que fechou ontem um negócio milionário com o Benfica, garantindo, por 400 milhões de euros, a transmissão dos jogos em casa da equipa principal e os direitos de transmissão e distribuição do Canal Benfica TV. Os rumores eram muitos, mas o anúncio chegou à Comissão do Mercado dos Valores Mobiliários (CMVM) ao final da tarde do dia de ontem. Ocontrato avança já na próxima época e tem uma duração inicial de três anos, podendo ser renovado por “decisão de qualquer das partes até perfazer um total de dez épocas desportivas”. O montante será repartido “em montantes anuais progressivos”, como se lê no documento enviado à CMVM. Este é, sem dúvida, o maior negócio no futebol português
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Agora, os adeptos que acompanhavam os jogos na Luz transmitidos pela BTV terão de mudar de canal. Em 2013, Luís Filipe Vieira rejeitou a proposta da Sport TV e passou a transmitir os jogos em casa no canal próprio. Nessa altura, os encarnados exigiam o valor que agora obtêm: 40 milhões por época.
A guerra com a altice
Este avanço milionário que agora se concretiza deve-se, segundo o “Diário de Notícias”, à sondagem que a empresa francesa Altice, detentora da PT (e da MEO) em Portugal, estaria a fazer junto dos clubes portugueses, incluindo Sporting,Benfica e Porto. O objectivo seria fechar acordos de exclusividade pelos direitos dos seus jogos para emitir na MEO a partir de 2018, porque alguns dos emblemas têm ainda acordos a cumprir até lá.
Contou o “Expresso” que na origem desta guerra pode estar a recente conferência da Associação Portuguesa para o De-senvolvimento das Comunicações (APDC), onde a tensão entre os presidentes da NOS,Miguel Almeida, e da Vodafone Portugal, Mário Vaz, e o líder da PT Portugal,Paulo Neves, não escapou ao olhar do público. “Não vamos ficar parados quando alguém ameaça o equilíbrio do mercado”, afirmou nessa altura Miguel Almeida.
Esta declaração poderá ter desencadeado alterações na estratégia da PT, o que levou os outros dois presidentes a entenderem que essa situação “provocaria um desequilíbrio prejudicial para todos”.
Se as palavras foram ferozes, os passos a seguir não ficaram atrás. Segundo o semanário, a proposta na mesa da NOS estará decomposta em duas parcelas: 25 milhões de euros pelos direitos dos jogos propriamente ditos, que seriam transmitidos na Sport TV, mais 15 milhões de euros pelo exclusivo do canal doBenfica – BTV, que voltaria à anterior designação – na plataforma de televisão desta operadora.
Porto pode lucrar
O Porto é o clube que poderá sair a ganhar, ou a perder, curiosamente. É que a Sport TV divide em 50% a propriedade dos seus canais com Joaquim Oliveira, da Olivedesportos, e tem uma cláusula no contrato dos direitos dos azuis-e-brancos que garante ao clube a “simpática” quantia de 80% do valor de futuros contratos que o canal assine com o Benfica. E neste caso, esse contrato seria actualizado para 80% de 25 milhões e não da totalidade, ou seja, os ditos 40 milhões de euros. Falta agora saber se, de facto, os azuis-e-brancos também ganharam a lotaria.
Opresidente da Liga de Clubes, Pedro Proença, continua sem comentar o negócio que poderá ditar o fim da centralização dos direitos televisivos, uma das suas bandeiras. Fonte da presidência disse ao i que essa centralização “torna-se agora mais difícil, mas não se esgota”. Esta direcção continuará atenta ao processo e acredita que “os direitos desportivos de todos os clubes vão muito além dos televisivos”.