Cerca de 700 empresas mudaram a sua sede, deixando a Catalunha depois da declaração de independência da região espanhola, incluindo a Derby Hotels, a Valls Companys e a Suez. A decisão de independência desta região espanhola, promovida pelo Juntos pelo Sim e pelo partido de Artur Mas, presidente do governo autonómico da Catalunha, provocou um alarme generalizado entre a comunidade empresarial sediada naquela região.
Segundo um artigo do “El País” o “Economia Circle”, que reúne as maiores empresas catalãs, já tinha advertido que “desde o primeiro minuto” a resolução ia afectar o investimento e a localização das sedes das empresas na região.
Até agora, a comunidade perdeu 683 empresas que, juntas, facturavam mais de 1500 milhões de euros por ano, a maioria das quais migrou para Madrid.
É o caso da cadeia de hotéis Derby ou do agronegócio multinacional Suez. Oque está a acontecer, dizem diversas fontes citadas pelo “El País”, já tinha sido anunciado muito antes das eleições, com vários grupos a advertirem que o acto iria forçá-los a repensar a sua presença na Catalunha. Além dos bancos, os primeiros a reagir, seguiram-se o grupo editorial Planeta, a empresa de moda Pronovias e a Indukern farmacêutica.
E muitas dessas empresas passaram mesmo da ameaça à prática. De acordo com a agência de classificação Axesor, 3286 empresas deixaram a Catalunha desde 2012. Os empregadores enfatizam em particular o clima de “insegurança jurídica” que se vive na região, não só pela questão da soberania mas também pelo aumento da carga fiscal, que é uma das mais altas da Espanha.
Ironicamente, Madrid tem sido a cidade mais beneficiada por esta migração. Só este ano, e ainda segundo o “El País”, a capital conseguiu atrair 306 empresas catalãs.
Uma delas é a Inaves, que agrega várias empresas agro-alimentares como a Companys Valls, um dos maiores grupos industriais catalães, com um volume de negócios de 1350 milhões de euros por ano e cerca de dois mil trabalhadores.
Estas transferências de sedes têm reforçado a actividade empresarial em Madrid, Omovimento também foi seguido pelas multinacionais norte-americanas como a Mondelez, a cadeia de distribuição Schlecker – hoje Clarel, depois de ser adquirida pela Arbora & Ausonia, propriedade da P&G.
Grandes empresas de advogados citadas pelo diário espanhol explicam que a reforma da Lei de Sociedades de Capital que entrou em vigor este ano simplificou os procedimentos para a transferência das sedes sociais das empresas, que passaram apenas a depender do acordo dos conselhos de administração.
E embora o poder político local queira minimizar as transferências, os empregadores catalães começam a ficar preocupados com as migrações para Madrid. Fontes do ministério do Trabalho atribuem este verdadeiro êxodo à “insegurança jurídica” que representa o processo de soberania da região e às razões de índole fiscal.
Já o governo autonómico nega veemente que as empresas estejam a deixar a Catalunha na sequência do processo de separação. Osecretário para a Administração e Competitividade, Pere Torres, disse sexta-feira que em cada ano, entre 700 e mil empresas deixam a região, o que representa cerca de 0,2 % a 0,3 % das companhias com sede na região, sugerindo que o Estado espanhol está a atacar a reputação da economia catalã.