As indústrias farmacêuticas portuguesa e espanhola manifestaram-se hoje preocupadas com as "metas irrealistas" traçadas, para 2013, para a despesa com medicamentos, alertando que no final deste ano essa despesa ficará abaixo do imposto pela 'troika' e da média europeia.
Estas preocupações foram transmitidas à Lusa pelo presidente da Associação Portuguesa da Industria Farmacêutica (APIFARMA), no final de uma reunião com a congénere espanhola FARMAINDUSTRIA para analisar o impacto das medidas de austeridade económico-financeiras adotadas em Portugal e em Espanha na área do Medicamento e as suas consequências.
Almeida Lopes começou por salientar que Portugal e Espanha têm mercados de medicamentos muito parecidos e que partilhavam um problema semelhante, que era o das dívidas hospitalares, embora com maior dimensão em Espanha, tanto em termos financeiros como de prazo.
No entanto, o responsável sublinhou que na semana passada, a indústria farmacêutica espanhola viu "pagas as dívidas totais de 2011".
"Nós não conseguimos. Temos princípios de pagamento do Governo, mais nada", disse.
De acordo com os últimos dados da APIFARMA, hoje publicados, a dívida dos hospitais públicos à indústria farmacêutica ultrapassava, em maio, os 1.500 milhões de euros.
Almeida Lopes mostrou-se também preocupado com os fornecimentos relativos a 2012.
"Estamos a ver a dívida a acumular-se e, face às dificuldades financeiras nos países, não estamos a ver como vai ser solucionado", afirmou o presidente da APIFARMA.
Sobre as medidas de austeridade, Almeida Lopes sublinhou que embora Espanha não tenha metas impostas por um acordo com a 'troika', está ainda assim obrigada a medidas de contenção e austeridade, "que vêm da Europa com outro nome e de outra maneira".
Neste contexto, transmitiu as preocupações presentes com a despesa total com medicamentos prevista para o final do ano e para 2013.
"Estamos preocupados com as metas da despesa total de medicamentos, em 2013, para Portugal e que é 1% do PIB, um número irrealista, impossível de concretizar", afirmou o responsável da APIFARMA, acrescentando: "era bom que olhássemos para 2013, mas que nos afastássemos de metas irrealistas, já que em final 2012 vamos estar abaixo das metas.
Segundo Almeida Lopes, no final de 2012 a despesa total com medicamentos tem que ser de 1,25% do PIB, mas "tudo aponta para que seja 1,22% do PIB", o que fica abaixo do estabelecido com a 'troika' e abaixo da média europeia, que é cerca de 1,28% do PIB.