Durão Barroso: programas de ajustamento têm menos possibilidade de sucesso quando líderes políticos são fracos


 


 

 O presidente da Comissão Europeia disse hoje em Nicósia que os programas de ajustamento têm menores possibilidades de sucesso quando os líderes políticos que os implementam são "fracos" e preferem culpar Bruxelas, em vez de assumirem as suas responsabilidades.

Durão Barroso falava numa conferência de imprensa conjunta com o Presidente cipriota, Demetris Christofias, depois do tradicional encontro entre a Comissão Europeia e o Governo que assume a presidência rotativa da União Europeia, e que foi marcada pelo recente pedido de resgate do Chipre, o quinto país a pedir ajuda aos parceiros europeus.

Considerando que "um programa (de ajustamento) completo" é a melhor situação para a difícil situação económica que o país enfrenta, e apontando que especialistas da ‘troika' acabaram de finalizar a sua primeira missão técnica de avaliação no terreno, Durão Barroso aconselhou Christofias a procurar um "amplo consenso" interno, com outros partidos políticos e parceiros sociais, e a assumir a "propriedade" do programa que negociar com a ‘troika'.

O presidente da Comissão disse ser "extremamente importante para o sucesso de um programa" que as autoridades assumam a sua responsabilidade, admitam que o levam à prática por ser necessário, e não recorram a desculpas, culpando designadamente Bruxelas pela imposição de medidas.

"Alguns líderes políticos são fracos e não tem a coragem de explicar por que é que os seus países estão na situação em que estão. Em vez de reconhecerem os problemas, alguns governos ou líderes tentam encontrar desculpas, e por vezes é mais fácil dizer que é preciso tomar determinada decisão porque lhes foi imposta", comentou, acrescentando que a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu "nunca impuseram nada", limitando-se a implementar decisões tomadas pelos países da zona euro, e sempre de forma unânime.

Por seu lado, e em resposta a insistentes questões sobre os motivos que levaram Nicósia a pedir também empréstimo à Rússia, o Presidente cipriota insistiu que o seu país tem todo o direito de ter boas relações com países terceiros.

Estranhando toda a controvérsia em torno do pedido de ajuda à Rússia, que, lembrou, "é um parceiro estratégico da União Europeia", Christofias disse ser altura de as pessoas perceberem que a Rússia já é uma sociedade capitalista.

"Não se preocupem, não vou trazer o comunismo para aqui", ironizou o governante, o único líder comunista entre os 27 chefes de Estado e de Governo da UE.