Jerónimo de Sousa. Pedir mais tempo à “troika” pode adiar o problema mas não o resolve


O secretário-geral do PCP afirmou hoje que pedir mais tempo para o ajustamento financeiro à 'troika' poderá adiar os problemas do país, mas não os resolve, defendendo que a solução passa por "interromper" a atual política. "Podemos adiar o problema mas não resolvê-lo. A questão do défice das contas públicas continuará a degradar-se sem uma…


O secretário-geral do PCP afirmou hoje que pedir mais tempo para o ajustamento financeiro à 'troika' poderá adiar os problemas do país, mas não os resolve, defendendo que a solução passa por "interromper" a atual política.

"Podemos adiar o problema mas não resolvê-lo. A questão do défice das contas públicas continuará a degradar-se sem uma componente que consideramos fundamental: nós precisamos de criar riqueza, de criar receita, de crescimento, de desenvolvimento, de aumentar a nossa capacidade produtiva como resposta ao problema do défice", afirmou Jerónimo de Sousa.

O líder do PCP, que falava à Lusa em Lisboa, após uma reunião com a direção da Intervenção Democrática, outra das forças que integra a CDU, comentava assim as declarações do líder parlamentar do PSD e de um dos seus vice-presidentes, Miguel Frasquilho, em que defenderam que a 'troika' da ajuda externa deveria flexibilizar os prazos do ajustamento financeiro português.

"Essa iniciativa que é solicitada, terá algum mérito, mas não resolve o problema de fundo, tendo em conta a situação do pais", insistiu Jerónimo de Sousa, acrescentando que "não é adiando o problema que ele se resolve".

"Consideramos que a solução é outra, é interromper esta politica, demarcarmo-nos do pacto de agressão [o memorando de entendimento assinado com os credores internacionais] e, simultaneamente, aprovar medidas que visem esse crescimento, esse desenvolvimento, a criação de mais riqueza, a criação de mais emprego para resolver os problemas nacionais", afirmou.

Para o líder comunista, se insistir no mesmo caminho, Portugal não resolve "nem o problema do défice nem o problema da dívida, que continua a aumentar", como também "não está a resolver o problema das injustiças, do empobrecimento, da dependência do exterior".

"A resposta tem de ser estratégica e a resposta estratégica é mais crescimento, mais riqueza, mais desenvolvimento, mais produção nacional, mais respeito pelos direitos de quem trabalha", sublinhou.

Jerónimo de Sousa destacou ainda que as declarações de Frasquilho foram até "mais longe" do que "o objetivo" do PS, que tem reiteradamente defendido que o Governo peça mais um ano para fazer o ajustamento das contas nacionais.

Miguel Frasquilho defendeu que a 'troika' devia flexibilizar os prazos do ajustamento financeiro de Portugal, concedendo mais dois anos para o cumprimento das metas fixadas e financiamento adicional.

    Luís Montenegro defendeu que as declarações do deputado Miguel Frasquilho estão "inscritas" na "orientação" dos sociais-democratas de que a Europa não deixará de ser "solidária" tendo em conta o "comportamento" do país.