A comissão de trabalhadores (CT) da RTP propôs hoje que a tutela da estação pública de televisão passe para a comissão parlamentar para a Ética e Comunicação, questionando a idoneidade do ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas.
Em comunicado enviado às redações, a CT do canal público considera que Miguel Relvas "deixou correr todas as manobras de [Jorge] Silva Carvalho ao serviço de uma empresa [Ongoing] candidata à privatização da RTP", pelo que "não é de confiança".
Assim, propõem os trabalhadores da RTP, "a tutela da RTP deve passar para as mãos da Comissão de Ética do parlamento".
Recorde-se, porém, que Nuno Vasconcellos, presidente executivo da Ongoing, escreveu em 6 de setembro de 2011 no Diário de Noticias que, "enquanto for acionista da Impresa, a Ongoing não participará na privatização da RTP". A mesma indicação foi reiterada por Vasconcellos em declarações à Lusa no dia seguinte: "Estamos atentos a todas as oportunidades de negócio fora de Portugal, sobretudo no Brasil, mas em Portugal estamos concentrados na salvação da Impresa, que está numa situação calamitosa", afirmou então Nuno Vasconcellos.
A Ongoing detém 23 por cento do capital da Impresa, o maior grupo de media em Portugal, proprietário da SIC, do semanário Expresso e da revista Visão, entre outros títulos.
A comissão de trabalhadores da RTP, ainda que registe "o facto de a Ongoing ser 'ou era' uma das interessadas" na privatização de um dos canais públicos, considera que aquela empresa "tem neste momento acesso a informação recolhida pelas secretas antes e depois da saída de Silva Carvalho [do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) em novembro de 2010], que pode favorecer a sua candidatura a essa privatização".
"As revelações dos últimos dias fazem de todos e todas nós, enquanto trabalhadores da RTP, um dos alvos mais óbvios da espionagem de Silva Carvalho (e não necessariamente pelos sinais de intrusão que vamos identificando nos nossos emails)", argumenta ainda a CT no comunicado.