O director adjunto do “Expresso”, João Vieira Pereira, escreveu há dias sobre os empresários que têm ficado calados com a tentativa de Costa de chegar ao governo com o apoio do PCP e do BE.
Se há sector em que se sentem os malefícios da intervenção do Estado é nas empresas. Há décadas que os grandes empresários e as grandes empresas se habituaram a um Estado que os protege da livre concorrência. Tirando os pequenos e médios empresários, que, esses sim, lutam diariamente para conseguir mais clientes, a confusão entre as grandes empresas e o poder político torna-as uma pequena caricatura do que poderiam ser.
Mais que empresários aprecio mercados livres. Sendo o mercado a soma das escolhas que fazemos todos os dias, a sua deturpação através de decisões políticas é uma limitação da nossa liberdade. E como existem tantos mercados quantos os produtos, tantos mercados quantas as pessoas, os mercados são arbitrários e duros. Naturalmente, apenas um empresário muito bom, ou que goste do desafio, prefere não ser protegido apesar de com isso prejudicar a maioria.
Por isso o poder político deve ser imparcial. Deve saber que favorecendo uns empresários prejudica outros e os consumidores. O problema é que também os políticos querem ter influência e nada mais fácil que consegui-lo com o apoio daqueles que se deixam ir. E quando isso sucede o espírito crítico e a liberdade de protesto desaparecem. É aqui que a conivência com o socialismo silencia até os mais poderosos.
Advogado
Escreve à quinta-feira