Todos os anos, assim que os dias mais frios se começam a anunciar e as roupas de Inverno começam a tomar conta das lojas, dou por mim estupefacta. Sempre que entro numa loja de lingerie ou visito a secção dedicada a estas peças nas lojas maiores, vou descobrindo toda uma colecção de pijamas capazes de ferir a mais resistente das vistas. É certo que me podem dizer que o que cada um veste em casa só diz respeito ao próprio e, quando muito, aos que com ele partilham esse espaço.
Mas não consigo parar de visualizar e, na minha cabeça, começo logo a ver vestidas algumas das peças que estão penduradas nos cabides. Não sou promotora da ditadura de que nós, mulheres, temos de estar sempre impecáveis e sensualonas, mas também acho que há limites. E, sinceramente, não consigo entender por que carga de água uma mulher de 30 ou 40 anos quer usar um pijama de malha polar com estampado da Hello Kitty ou do Sponge Bob ou outros que tal. Pior, só se for um desses pijamas em versão babygrow, como se se tivesse deixado cair o bebé na poção dos gigantes.
Perante isto, dou por mim a pensar o que seria se, a meio da noite, um incêndio ou qualquer outro motivo obrigasse essa mesma mulher a sair à pressa de casa, levando apenas o que tem no corpo. Corre o risco de se ver, a altas horas da madrugada, no meio da rua – imaginemos, rodeada de bombeiros e, quem sabe, até de algumas câmaras de televisão -, vestindo um desses pijamas inenarráveis. E, já agora, umas pantufas a condizer, com uma qualquer cabeça de boneco.
E, de repente, no dia a seguir, quando ainda está a contabilizar os danos do tal hipotético incêndio, vai ter de se ver nos noticiários vestida de Hello Kitty ou Sponge Bob. Ninguém merece. Ou, se calhar, merece. Se comprou um desses pijamas.