Supertubos. Voando sobre um dia de sonho [vídeo]

Supertubos. Voando sobre um dia de sonho [vídeo]


Vasco Ribeiro atingiu meias-finais mas nem teve tempo de festejar: horas depois já viajava para o Brasil, onde disputa o QS. Filipe Toledo foi o rei dos aéreos e venceu em Peniche.


“– Alô, torre de controlo. Daqui Filipe Toledo. Peço autorização para aterrar.

– Autorização concedida. Pode aterrar na onda 3 de Supertubos.”

É apenas uma brincadeira, mas a quantidade de aéreos com que Filipe Toledo brindou o público português deu-lhe uma merecida vitória. Mas o triunfo do brasileiro teve de dividir as atenções com o resultado histórico de Vasco Ribeiro. Ocampeão mundial júnior 2014 atingiu as meias-finais do Moche Rip Curl Pro Portugal, superando em muito o melhor resultado português na etapa de Peniche do circuito mundial. Frederico Morais também esteve a nível alto e só caiu nos quartos.

Mas Vasco nem teve tempo de festejar o dia histórico, por si protagonizado, para o surf nacional. Se Toledo aterrava com confiança nas ondas de Supertubos, Vasco já só pensava em descolar. O jovem do Estoril voava poucas horas depois para o Brasil, onde disputará o São Paulo Open (um QS10000, as provas mais pontuadas no circuito de qualificação), uma etapa crucial na tentativa de chegar à elite do surf mundial – Vasco ocupa o 40.o lugar e terá ainda de trepar muito na tabela para alcançar o objectivo.

“Sinto-me muito bem, foram 12 dias incríveis. Competir contra os meus ídolos, poder ganhar a muitos dos meus surfistas favoritos foi incrível. Estou muito contente com as minhas meias-finais e agora é continuar”, confessou ao i antes de abandonar Peniche. Oresultado é histórico (igualou o melhor de Tiago Pires, que em sete anos na elite atingiu três meias-finais), mas com a final ali tão perto, quase ficou uma pontinha de tristeza.“Claro, uma pessoa quer sempre mais, mas não estou de todo triste. Estou muito contente com a minha prestação, com o meu campeonato. Não foi desta, foi só um gostinho do que é o world tour e é aqui que eu quero estar.” E se no início lhe dissessem que chegaria às meias-finais, o que pensaria? “Pensaria que ia ter de passar muitos heats [risos]!”

O jovem de 20 anos fez uma prova fantástica, batendo Owen Wright, Adriano de Souza, Michel Bourez e Jeremy Flores. O sonho esbarrou em Ítalo Ferreira, o rookie do ano 2015. Curiosamente, o embate entre ambos acontecia um ano e um dia depois de se terem defrontado na final do Mundial júnior, na Ericeira. Vasco foi campeão em 2014; desde então, o brasileiro chegou à elite, onde está no top-10, e ontem vingou-se do surfista português.

Frederico Morais também esteve perto de um lugar entre os quatro melhores surfistas do evento. Kikas foi eliminado nos quartos-de-final contra Brett Simpson, num heat emocionante. A derrota do surfista da praia do Guincho aconteceu nos últimos instantes, quando a sua última onda foi pontuada com um 5,53 – Kikas precisava apenas de mais nove décimas e a decisão dos juízes foi polémica. Terminava assim um percurso brilhante em que o jovem se superiorizou a Kolohe Andino, Adriano de Souza, Mick Fanning, Nat Young e Joel Parkinson. Numa etapa (penúltima) tão importante para a definição do campeão, os dois wildcards portugueses surpreenderam tudo e todos, baralhando completamente as contas do título.

filipinho complica contas A festa maior foi do clã Toledo. Filipe abraçou o pai, Ricardo (antigo campeão brasileiro de surf), mal saiu da água, festejando a terceira vitória do ano. Quando o i conversou com ele nos primeiros dias, não tinha dúvidas de que o título ainda era possível. “Sem dúvida. França afastou-me dos primeiros do ranking, mas estou aqui ainda com bastante ânsia de ser campeão”, disse na passada semana. O paulista, de apenas 20 anos, estava certo. Com vários aéreos notáveis (entre eles, dois na mesma onda na final, que lhe valeram nota 10), foi o melhor ao longo do Moche Rip Curl Pro Portugal. Toledo deixa Supertubos quatro lugares acima no ranking, colando-se ao líder, Mick Fanning.
O campeão mundial Gabriel Medina foi eliminado por Ítalo Ferreira, que também teve uma prestação incrível nas ondas portuguesas. Com tanta surpresa, a última prova do ano em Pipeline (8 a 20 de Dezembro) vai ser um verdadeiro ataque ao primeiro lugar, com seis surfistas (Fanning, Toledo, Adriano, Ítalo, Wright e Wilson) a chegarem ao Havai com possibilidade de serem campeões do mundo em 2015.

Provas do Circuito Mundial de surf em Portugal:

2015 – 10.ª etapa, Moche Rip Curl Pro Portugal, em Peniche, vencedor Filipe Toledo (Bra).

2014 – 10.ª etapa, Moche Rip Curl Pro Portugal, em Peniche, vencedor Mick Fanning (Aus).

2013 – 9.ª etapa, Rip Curl Pro Portugal by Moche, em Peniche, vencedor Kai Otton (Austrália)

2012 – 10.ª etapa, Rip Curl Pro Portugal, em Peniche, vencedor Julian Wilson (Austrália).

2011 – 9.ª etapa, Rip Curl Pro Portugal, em Peniche, vencedor Adriano de Souza (Brasil).

2010 – 8.ª etapa, Rip Curl Pro Portugal, em Peniche, vencedor Kelly Slater (EUA).

2009 – 9.ª etapa, Rip Curl Pro Search, em Peniche, vencedor Mick Fanning (Aus).

2002 – 7.ª etapa, Figueira Pro, na Figueira da Foz, incompleta.

2000 – 10.ª etapa, Figueira Pro, na Figueira da Foz, vencedor Rob Machado (EUA).

1997 – 9.ª etapa, Buondi Sintra Pro, em Sintra, vencedor Michael Campbell (Aus).

1997 – 10.ª etapa, Expo 98 Figueira 97, na Figueira da Foz, vencedor Shane Powell (Aus).

1996 – 12.ª etapa, Coca Cola Figueira 96, na Figueira da Foz, vencedor Matt Hoy (Aus).

1990 – 13.ª etapa, Buondi Pro, na Ericeira, vencedor Tom Curren (EUA).

1989 – 15.ª etapa, Buondi Instinct Pro, na Ericeira, vencedor Rob Bain (Aus).