© Tiago Petinga/Lusa
As notícias de saídas de gabinetes ministeriais para cargos dentro da administração pública não são novas, mas não deixam de ser mais um sinal de um país onde quem passa pelo poder enche a boca com o interesse nacional, mas vai deixando o bolso cheio aos amigos com quem partilharam campanhas eleitorais e dias de governo.
A verdadeira independência da máquina do Estado, regida pela competência, continua a ser um sonho demasiadas vezes adiado. Nunca há coragem para assumir que os melhores é que devem estar no topo das estruturas que zelam pelo interesse de todos. Vale sempre mais o cartão do partido…
Não adianta nomear comissões, fazer concursos que se transformam em fatos à medida, criar plataformas para publicar as nomeações em nome de uma transparência que não existe. É preciso uma verdadeira mudança de mentalidade que nos leve a todos a não tolerar que o Estado, que é nosso, seja assim sequestrado por um pequeno grupo de clientelas. O caso Sérgio Monteiro assume outros contornos, mostrando que a procissão ainda está mesmo no adro.
O novo governo ainda nem tomou posse, tendo já queda anunciada, e já se começa a perceber que, depois de uma Secretaria de Estado, há sempre uma outra cadeira à espera de um ex-governante. Podemos sempre dizer que tudo isto não é novidade.
É verdade que não, mas deveria ser coisa para mudar de vez num país onde se fala tanto em costumes e tradições. Se é assim, para respeitar o que vem através dos tempos, que se respeite o que fica de bom, acabando com estes tristes e vergonhosos episódios que se repetem em todas as mudanças de poder.
Jornalista RTP
Coordenador Jornal 2 – RTP2
Escreve à sexta-feira