“Não há outra alternativa se não um Governo de esquerda porque o Presidente da República não pode dissolver a Assembleia da República. O Governo de Passos [Coelho] vai cair aqui [no parlamento] (…). A única solução que existe e é uma solução estável e de maioria parlamentar é do Governo de esquerda”, afirmou a deputada aos jornalistas no parlamento, referindo-se ao discurso do Presidente da República no qual anunciou a indigitação de Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro.
“O grande factor de instabilidade do regime chama-se Cavaco Silva”, criticou em declarações aos jornalistas na Assembleia da República.
“Não há outra alternativa. Forme um Governo de iniciativa presidencial e chega à Assembleia e cai”, vincou Isabel Moreira.
Segundo a também constitucionalista, “na prática, como há uma maioria de esquerda e o Governo de gestão está limitado constitucionalmente, também vai ser o caos total. Será como empossar a oposição como Governo, não é possível, não vai funcionar”, considerou.
Do ponto de vista do discurso, e ainda segundo a deputada, o Presidente da República “tentou sequestrar o parlamento, tentou sequestrar o Partido Socialista. Discursivamente ilegalizou três partidos e matou civicamente um milhão de portugueses”.
O Presidente da República considerou na quinta-feira que, apesar do Governo PSD/CDS-PP poder não assegurar inteiramente a estabilidade política necessária, "a alternativa claramente inconsistente sugerida por outras forças políticas" teria consequências financeiras, económicas e sociais "muito mais graves".
"Se o Governo formado pela coligação vencedora pode não assegurar inteiramente a estabilidade política de que o país precisa, considero serem muito mais graves as consequências financeiras, económicas e sociais de uma alternativa claramente inconsistente sugerida por outras forças políticas", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva, numa comunicação ao país.
Sublinhando que é ao Presidente da República que cabe "de forma inteiramente livre" fazer um juízo sobre as soluções políticas com vista à nomeação do primeiro-ministro, Cavaco Silva disse ser "significativo" que não tenham sido apresentadas por PS, BE, PCP e PEV "garantias de uma solução alternativa estável, duradoura e credível".
Lusa