Portugal deixou de ter um representante na elite mundial (Tiago Pires) em 2015, mas a passagem do circuito por Supertubos já proporcionou um grande momento ao surf nacional. No dia de arranque do Moche Rip Curl Pro Portugal, os wildcards Vasco Ribeiro e Frederico Morais venceram as suas baterias e apuraram-se directamente para o round 3. Saca, que participa pela primeira vez sem estar no ranking mundial, voltou a ficar na ronda 1. Apesar de este ano não ter pressão do seu lado, oexperiente surfista português não conseguiu afastar a maldição em Supertubos: em seis etapas aqui disputadas no tour nunca venceu uma bateria. Mas nem tudo está perdido;Tiago irá à repescagem e pode ser desta que consiga atingir a 3.a ronda.
Os jovens não sentiram a pressão do público que afecta Saca e seguiram em frente. Em 2013 Frederico Morais já tinha surpreendido Kelly Slater no round 1. Ontem voltou a brilhar, desta vez contra Adriano de Souza (2.o do ranking mundial) e Kolohe Andino. “O público? É uma motivação extra, as pessoas estão aqui na praia a torcer por nós e querem-nos ver a brilhar. Por isso não há razão para sentirmos pressão. É uma óptima motivação. Foi uma óptima vitória mas ainda estamos só no round 3, quero ir mais longe”, disse Kikas no fim da bateria.
Antes, Vasco já dera a primeira alegria ao público português, terminando à frente de Owen Wright (3.o) e Michel Bourez. Ocampeão mundial junior teve uma estreia de sonho numa prova do CT (elite mundial), por isso quisemos saber como a viveu.
Como está a ser viver este sonho?
Está a ser incrível. Competir contra os melhores do mundo em casa é um sonho tornado realidade e poder passar directamente para o round 3 ainda melhor, agora é continuar. Estrear-me no CT, e logo em Portugal, foi muito especial.
OTiago Pires nunca se deu muito bem com a pressão do público aqui. O que sentiste dentro de água?
Não sei, eu gosto muito de competir em frente deste público português. É óbvio que sentimos algum nervosismo porque não estamos assim tão habituados a ter tanta gente na praia, cada vez que nos pomos em pé as pessoas puxam por nós. Mas tentei abstrair-me disso, concentrar-me e fazer as minhas ondas, e consegui.
O resultado em Cascais (quartos-de--final, o melhor de Vasco num Prime) deu-te mais confiança para esta prova?
Não, são duas coisas totalmente diferentes, são campeonatos diferentes. Aqui estou a competir contra os meus ídolos, os melhores surfistas do mundo, tenho é de aproveitar a experiência. É isso que estou a fazer, a divertir-me e a tentar passar uns heats.
Quanto ao resto da temporada no QS, ainda acreditas na qualificação para o CT?
É sempre possível, ainda faltam três campeonatos importantes. É para isso que continuo a trabalhar todos os dias, é esse o objectivo. Vou competir no Brasil e no Havai até ao fim do ano.
Teres sido campeão mundial junior (2014) chamou mais a atenção dos adversários no QS e dificultou-te a vida?
Não sei, não gosto muito de pensar nisso. Já passou, claro que foi muito bom, mas este ano é outro ano. Agora são outros objectivos, coisas novas, e é nisso que estou concentrado.
Até onde podes ir em Peniche?
Não sei, vou continuar a surfar e a fazer as minhas coisas e logo se vê.