O Dia Europeu de Combate ao Tráfico de Seres Humanos (TSH) é evocado a 18 de Outubro. Por esta altura somam-se conferências e debates em torno de estudos, estatísticas actualizadas, políticas, planos e estratégias de combate. Trata-se, sem dúvida, de uma das dimensões mais terríveis do presente… Aqui, entre nós, há pessoas reduzidas a mercadorias, traficadas, exploradas, escravizadas… As mulheres são as principais vítimas, representando 80% do total de pessoas traficadas nos países da União Europeia. A maioria das vítimas (registadas) é apanhada na malha terrível da exploração sexual (69%), seguindo-se aquelas que são traficadas para exploração laboral (19%) e para outros fins (12%) – extracção e tráfico de órgãos humanos, participação em actividades tipificadas como ilícitas, além (especificamente) da comercialização de crianças (Eurostat, Relatório de 2015). 

Todos os anos são renovados os apelos a uma resposta concertada, global, que seja capaz de combater este flagelo através do envolvimento dos países de origem, trânsito e destino, incluindo os mecanismos oficiais, os agentes privados, as universidades, as empresas multinacionais e as organizações da sociedade civil. Bem sabemos que este combate passa também pela resolução de conflitos armados, pelo fim da guerra e de todas de práticas de terror associadas, pelo combate efectivo à corrupção e ao crime organizado, pela erradicação da pobreza e das assimetrias regionais e sociais que a globalização acentuou… por um desenvolvimento global equilibrado e socialmente mais justo. 

Professora no Instituto Superior de Economia e Gestão – Univ. Lisboa

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