O meio mundo socialista que hoje se acotovelará no Centro Cultural de Belém às seis da tarde não esteve no dia 29 de Abril no lançamento da candidatura presidencial de Sampaio da Nóvoa. Onde estiveram Mário Soares, Jorge Sampaio e João Cravinho, estarão agora Manuel Alegre, Jorge Coelho e Vera Jardim; onde esteve a Associação 25 de Abril estará agora a União das Misericórdias; na educação é ela por ela: Maria de Belém conseguiu captar como um dos estrategas da sua candidatura o reitor do ISCTE, Luís Reto e o reitor da Universidade Nova, António Rendas. Onde estava Maria Antónia Palla, estará agora Patrícia Reis, a sua biógrafa.
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A ideia de Maria de Belém ser candidata a Presidente da República começou a germinar ainda na direcção de António José Seguro, quando Belém era presidente do PS. Mas a hipótese nunca teve qualquer acolhimento junto da actual direcção do partido, que chegou a prometer apoio – em privado – a Sampaio da Nóvoa. Durante muito tempo, António Costa não acreditou que Maria de Belém levasse a candidatura avante, até porque a direcção do PS dava múltiplos sinais de disponibilidade para apoiar Sampaio da Nóvoa. E isso teria acontecido se Belém não se tivesse lançado para a frente – devidamente protegida por um “escudo” partidário que ia muito além do “segurismo” e apoiada por múltiplas personalidades da sociedade civil.
O primeiro passo foi o lançamento de uma petição, no fim de Julho, dinamizada pelo médico Joshua Ruah e subscrita por muitas personalidades, incluindo algumas muito próximas de António Costa, como foi o caso de Simonetta Luz Afonso, ex-presidente da Assembleia Municipal de Lisboa.
No apelo para que Maria de Belém se candidatasse, os apoiantes proclamaram: “Esta é a hora da cidadania. Maria de Belém é uma cidadã de exemplar vida cívica, de reconhecida e vasta experiência política nacional e internacional e de constante dedicação ao bem comum. Esta é uma hora de mobilização nacional. Consideramos ser agora o momento para, sem calculismo ou interesse próprio, declarar o nosso apelo à candidatura de Maria de Belém Roseira à Presidência da República”.
Maria de Belém acabaria por confirmar que seria candidata a Presidente no meio da campanha eleitoral para as legislativas. Costa teve que recuar no apoio a Nóvoa e deu liberdade de voto ao PS.