Foi uma reunião "muito positiva" a que juntou António Costa e Jerónimo de Sousa esta tarde na sede do PCP, em Lisboa, centrada sobretudo nos pontos de convergência entre os dois partidos, como a "viragem da política de austeridade", não naquilo que os divide, resumiu o secretário geral socialista. “Foi uma primeira reunião, muito positiva, num espírito muito franco. E é um trabalho sério", disse Costa.
"Não estamos obviamente a negociar uma fusão dos partidos, cada um tem o seu programa. Não estivemos a trabalhar sobre o que nos divide", afirmou Costa aos jornalistas à saída do encontro, acrescentando, contudo, que "há condições para que seja desenvolvido um trabalho sério nos próximos dias para concretizar esta ambição de uma inversão de política em Portugal que claramente o povo português manifestou" nas legislativas do domingo passado.
Menos contido nas palavras, Jerónimo de Sousa disse sobre as divergências que o PCP não alterará nem abdicará de nenhuma das prioridades do seu programa e que "resolvido o problema institucional terá de ser feito um caminho para as questões concretas". Mas sublinhou também que “uma solução governativa do PS será obviamente viabilizada" pelo PCP, "para impedir que se repita a politica dos últimos quatro anos”. Na sua declaração, Jerónimo deixou claro que essa é agora a maior prioridade dos comunistas: “Na fase em que estamos agora o que considero fundamental é que não se de oportunidade a PSD e CDS de formarem governo.”
"O PS só não é governo se não se quiser, na medida em que rejeitaremos qq moção de rejeição vinda do PSD ou do CDS", afirmou Jerónimo de Sousa. “Conhecemos o programa do PS e sabemos que não corresponde a uma ruptura com a política de direita. No entanto, nada impede o PS de formar governo, apresentar o seu programa e entrar em funções."
Sobre a participação num eventual governo socialista, o secretário-geral do PCP recordou que o partido sempre afirmou ao longo da campanha estar "preparado para assumir todas as responsabilidades, incluindo governativas, para uma política diferente daquela que tem sido a do PSD e CDS".