Em Portugal, a aliança entre comunistas e socialistas nunca aconteceu, mesmo com o Estado Novo de Salazar e o regime franquista mesmo ao lado. As divisões eram tão profundas que nem mesmo depois da morte de Salazar com a chamada Primavera marcelista o panora ma se alterou.
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Nas eleições de 1969, já com Marcelo Caetano como presidente do Conselho, surgiu a CDE com comunistas e católicos progressitas e a CEUD, que juntava socilaisdtas e outras correntes republicanas e maçónicas.
Chegou a revolução e Mário Soares e Álvaro Cunhal desfilaram uma única vez juntos, no primeiro de Maio de 1974.
Durante o Processo Revolucionário em Curso (PREC) os dois partidos radicalizaram as suas posições definitivamente, num corte duradouro que se manteve até hoje.
O divórcio acabou por levar a que desde o fim do PREC tenha havido uma alternância do chamado Bloco Central, ou seja, entre o Partido Socialista e o Partido Social-Democrata, a qual se mantém até aos dias de hoje, e que de alguma forma tem restringido a governação portuguesa a uma política governativa sempre mais à direita do que à esquerda.
Mesmo assim, Álvaro Cunhal e Mário Soares ainda participaram em alguns governos provisórios logo a seguir à revolução, pesem as crescentes divergências entre os dois.
“Agora existe uma possibilidade em cima da mesa que pode pode levar a uma grande mudança, ou seja, o Partido Socialista vir a aliar-se às forças de esquerda para governar, o que seria uma novidade”, considera Fernando Rosas.
O historiador defende que a partir dos anos 80 tem-se vindo a assistir a uma crise internacional e generalizada dos partidos social-democratas, que não se conseguem distinguir dos partidos da direita neoliberal. E há todo um eleitorado à sua esquerda que se começa a afirmar, pondo em causa os partidos trabalhistas.
O britânico Jeromy Corbyn, da esquerda radical, é o exemplo mais recente, uma vez que é a primeira vez que o Partido Trabalhista britânico tem um líder da esquerda radical.