A mulher de Nuno Markl usou o exemplo de João Manzarra, que Ana Galvão garante que tem recebido vários comentários negativos por causa desta iniciativa.
“Há comentários no facebook que me deixam desvairada por serem tão negativos e agressivos e sobretudo por não serem minimamente úteis a nada. O João Manzarra (podem ver os relatos no fb dele) partiu, com outros portugueses, numa missão que visava ajudar, como fosse possível, os refugiados que fogem da crueldade da guerra (daquelas crueldades que nós nem nos nossos piores pesadelos vivenciamos) em condições deploráveis, com bebés encharcados pela chuva debaixo dos braços, sem saber se há comida amanhã, e que se encontram em campos com condições péssimas à espera, numa fronteira, de algo, nem se sabe bem de que. Ora, estes portugueses, uma percentagem minúscula em Portugal, decidiram meter-se a caminho, com um tremendo par deles, para levar roupa, mantas, mantimentos, e com uma leve esperança de poder acelerar e entrada de alguns dos refugiados pois as temperaturas já começam a ser muito agrestes pelos lados onde estão”, começa por escrever Ana Galvão.
“E nisto tudo, enquanto estes portugueses estão a regressar após dias a dormir em sítios improvisados, a guiar horas e horas sem parar, investindo tempo e dinheiro e faltando aos seus trabalhos e à sua vida própria, há um número insano de pessoas que começaram a disparar comentários altamente negativos contra esta façanha. Os argumentos são os mesmos de sempre: Porque não ajudar uns e ajudar outros. Ora, eu própria me questiono sobre até que ponto em Portugal, cá dentro, é necessária uma tremenda ajuda também, há gente que passa mal (não mais esquecerei a reportagem da RTP 1 sobre as crianças com fome no nosso país que comem o que apenas lhes dão na escola) e até que ponto um despertar é obrigatório dentro de portas, não só sob o ponto de vista de ajuda imediata mas também sob o ponto de vista de quebrar o sistema estabelecido. E isto é uma consciência que tem sido acordada por causa de toda esta questão dos refugiados. O que acho é que é possível fazer o bem, ponto final, fora e dentro. Os que tiveram um chamamento urgente em ir ajudar os refugiados devem ser admirados por isso, e é uma percentagem tão minúscula (por enquanto) que não seria graças a eles que Portugal se transformaria num país sem necessidades”, acrescentou ainda.
Ana Galvão acaba o texto, que partilhou no Facebook e que conta já com centenas de likes, comentários e partilhas como uma sugestão para quem não concorda com este tipo de ajuda aos refugiados. “Se todas as pessoas que se deram ao trabalho de insultar este grupo de portugueses pusessem mãos à obra num aclamado"Sim senhor, estes tipos foram ajudar refugiados, eu não concordo, prefiro ajudar quem passa mal no meu país, começo já amanha", aconteceria em Portugal uma coisa épica e realmente bonita de se ver. Agora não concordar, insultar, e não fazer absolutamente nada a não ser disparar barbaridades através de um teclado, fechar o computador e ir para a vidinha descansadinho, é horrível, desumano, e não serve para absolutamente nada”, desabafou a mulher de Nuno Markl.