Encontrar bancos de livros escolares usados em sapatarias, retrosarias, centros de babysitting ou associações de bombeiros voluntários é comum. Depositar ou levantar livros é possível em mais de uma centena de locais espalhados por todos os distritos do país e ainda em três ilhas dos Açores:“Os bancos são promovidos por pessoas singulares, empresas ou autarquias”, explica ao i Henrique Cunha, do Reutilizar, movimento que tem como missão promover a criação e existência destes locais de troca acessíveis a todos.
Mas há regras. A lista completa de bancos de livros escolares está disponível no site – www.reutilizar.org – e todos os que a compõem regem-se pelo “princípio de honra de não haver dinheiro envolvido nas trocas de manuais”. Outra das normas garante a “indiscriminação total” de quem procura os livros usados: “Todos os bancos funcionam da mesma forma e estão disponíveis para qualquer pessoa, independentemente da condição social ou da origem da família”, explica o responsável. Na prática, estes bancos funcionam como locais de depósito em que se deixam livros escolares de que já não se necessita para que outros possam usufruir. Para sublinhar a intenção de ser um banco de livre acesso, não é mantido qualquer registo acerca das pessoas que levantam os manuais.
O objectivo da Reutilizar é fazer com que exista um destes bancos em cada escola do país, “tal como previsto na lei”. Ao i, o responsável pelo movimento destaca que, “nestes últimos anos, se demonstrou pela prática que muita gente quer reutilizar os livros”. Agora, o passo seguinte é cumprir a lei e ter livros usados em todos os estabelecimentos de ensino. “O problema dos bancos que existem actualmente nas escolas é que não funcionam porque são discricionários. Não queremos essa solução só para os mais pobres, queremos um que sirva todos”, diz Henrique Cunha, defendendo que os alunos com menos posses também não devem passar pelo facto de serem listados publicamente desta forma.