{A avaliar pelas redes sociais, a manifestação de hoje não deverá ter grande adesão. Os militares da GNR não têm interesse em protestar?
Muitos militares não poderão estar presentes porque o comando da GNR, habilmente, acabou de publicar as transferências de posto e muitos profissionais vão ter de se apresentar, de um dia para o outro, em novos locais de trabalho. Por outro lado, tem havido muita contra-informação para tentar desmobilizar as pessoas. Foi, por exemplo, publicada uma listagem com os nomes dos militares que cumprem os requisitos para serem promovidos e muitos guardas acreditam que se trata da concretização de promoções. Quando, na realidade, é meramente um processo de intenções e as promoções não vão acontecer tão cedo, até porque estarão dependentes do próximo Orçamento do Estado.
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A APG está a contar com a participação de quantos militares?
É difícil dizer, porque como não existe um horário de trabalho na GNR e há falta de efectivos em muitos postos, a maioria dos militares só sabem o horário para o dia seguinte às 17h. E isso dificulta a organização. Ontem, a meio da tarde, já estavam confirmados 15 autocarros de vários pontos do país, sendo certo que a maioria dos profissionais que vão aparecer são da zona de Lisboa. As nossas estimativas apontam para que adiram ao protesto entre 1500 a 2000 militares.
Vão estar perto de várias arruadas, entre elas a da coligação do governo. Fazem questão de se cruzar com Passos Coelho?
O objectivo da manifestação não é esse e sempre deixámos claro que nos distanciamos de questões políticas e partidárias. O nosso único objectivo é expressar o descontentamento dos militares da GNR, a quem o governo mentiu do princípio ao fim da legislatura. E, ao mesmo tempo, passar a mensagem de que estamos indignados e que, por isso, o próximo governo – seja ele qual for – terá de nos respeitar e resolver uma série de problemas. A começar pelo horário de serviço: a GNR é a única polícia da Europa que não tem um horário estipulado. O nosso estatuto profissional ficou por aprovar, ao contrário do da PSP, devido a pressões de generais do Exército. Precisamos de uma GNR independente. A juntar a tudo isto, há falta de efectivos em muitos postos, o que tem obrigado ao sacrifício permanente de quem está ao serviço.
E se se cruzarem com a caravana do primeiro-ministro?
Esta manifestação foi marcada há muito tempo, por isso será pura coincidência. Esperamos que tudo corra bem. É sempre difícil controlar um grupo grande de manifestantes e não garantimos que não possa haver apupos ao primeiro-ministro, porque os militares da GNR sentem-se enganados.