Não se pode falar de banho de multidão mas, tendo em conta os resultados eleitorais das últimas legislativas, foram muitos os apoiantes da CDU que acompanharam o líder comunista numa arruada em Parede. Nesta freguesia de Cascais, o PSD teve uma maioria muito confortável (44,50%) e a CDU pouco mais de 6%. Assim, pode dizer-se que o apoio e a simpatia manifestada pelos transeuntes e pelos muitos comerciantes ao líder comunista estão na origem da sua boa disposição no final.
Já no fim da arruada, Jerónimo de Sousa foi confrontado com duas notícias: Uma, da Antena 1, na qual se referia que a actual ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, em 2012, enquanto secretária de Estado do Tesouro, teria pedido à Parvalorem, empresa pública que gere os activos tóxicos do antigo Banco Português de Negócios, a revisão das imparidades para esconder um prejuízo de cerca de 150 milhões de euros do BPN, e não sobrecarregar o défice de 2012.
Para o secretário-geral dos comunistas “são operações criativas de contabilidade, que escondem a verdade daquele escândalo”. Mas, acrescenta, “a referência e esse facto não pode deixar esquecer que mais de 5 mil milhões de euros, pagos pelo povo português, foram para o buraco negro do BPN. Todos estes escândalos, a corrupção e todos os indícios de crime que ali existiram, o povo é que os pagou”, disse.
Jerónimo de Sousa afirmou ainda que “ultimamente tem-se vindo a verificar o tratamento estatístico e o tratamento contabilístico” como uma “arte de substituir a verdade por esquemas” coisas, acrescenta “que não são novidade neste governo”. O líder do PCP recorda que “um governo da República tem de ser uma pessoa de bem e, fazer essa manigância, só para esconder aos olhos dos portugueses mais um pequeno buraco demonstra que, também no plano ético, este governo falhou”.
A “tortura estatística e a “conversa fiada”
Nem de propósito, à questão do BPN, juntou-se uma outra notícia: Os dados do INE dão um crescimento de 0,1% em Agosto, do número de desempregados, relativamente a Julho.
Jerónimo lembrou o que considera uma avaliação estatística mascarada com “cursos de formação” recordando o “meio milhão de pessoas que abandonaram o país” à procura de melhores condições de vida, como elementos não contabilizados pela estatística. E concluiu: “O governo é capaz de sacrificar tudo para apresentar aos portugueses a ideia de que conseguiu endireitar as contas, de que resolveu os problemas, e de que agora é que vem aí um futuro risonho".
No concreto, vincou o secretário-geral do PCP, "quando esmiuçamos, verificamos que não resolveu os problemas de fundo da nossa sociedade e, sempre que foi necessário, perturbou, alterou, torturou estatísticas para se apresentar como o grande salvador dos problemas nacionais, o que na verdade não passa de conversa fiada”.