Desempreender


Os empreendedores são catalizadores da inovação tecnológica e empresarial.


© Shutterstock

Lisboa ganhou a realização da Web Summit no triénio 2016-2018. É a consagração da cidade como pólo na cena internacional das startups, projetando-a no espaço do empreendedorismo à escala global.

Claro que para Lisboa interessa atrair talento e capital que, fixando-se aqui, ajudem ao crescimento da cidade e ao seu desenvolvimento económico, social e cultural. Mas também é evidente que este evento ajudará a gastar ainda mais um bocadinho a palavra “empreendedor”.

Os empreendedores são catalizadores da inovação tecnológica e empresarial e, nesse sentido, promotores de transformações económicas e sociais. Isto não justifica, no entanto, o discurso político que se apropria do empreendedorismo, para justificar a prática tenebrosa de lançar a sociedade – e especialmente os mais novos – à sua sorte, como um navio que se afunda e ao ouvir os gritos de desespero dos naúfragos, lhes berra que cada um se desenrasque por si, ao invés de lhe lançar a bóia redentora.

Se o Estado não pode funcionar como um salvavidas para todos que se esquecem de remar e acabam perdidos em mar revolto, também não pode assumir o papel vilão de quem vê os passageiros a naufragar e apenas se reduz a gritar “boa viagem e até mais ver”.

A tentação de capturar a iniciativa privada de alguns mais capacitados – até pelas suas redes sociais e económicas de origem – para justificar uma visão política que afinal se reduz a um safe-se quem puder, é o risco decorrente do excessivo protagonismo destas coisas. E afinal, quem sabe, faz. Quem não sabe, fala…

Escreve à sexta-feira

Desempreender


Os empreendedores são catalizadores da inovação tecnológica e empresarial.


© Shutterstock

Lisboa ganhou a realização da Web Summit no triénio 2016-2018. É a consagração da cidade como pólo na cena internacional das startups, projetando-a no espaço do empreendedorismo à escala global.

Claro que para Lisboa interessa atrair talento e capital que, fixando-se aqui, ajudem ao crescimento da cidade e ao seu desenvolvimento económico, social e cultural. Mas também é evidente que este evento ajudará a gastar ainda mais um bocadinho a palavra “empreendedor”.

Os empreendedores são catalizadores da inovação tecnológica e empresarial e, nesse sentido, promotores de transformações económicas e sociais. Isto não justifica, no entanto, o discurso político que se apropria do empreendedorismo, para justificar a prática tenebrosa de lançar a sociedade – e especialmente os mais novos – à sua sorte, como um navio que se afunda e ao ouvir os gritos de desespero dos naúfragos, lhes berra que cada um se desenrasque por si, ao invés de lhe lançar a bóia redentora.

Se o Estado não pode funcionar como um salvavidas para todos que se esquecem de remar e acabam perdidos em mar revolto, também não pode assumir o papel vilão de quem vê os passageiros a naufragar e apenas se reduz a gritar “boa viagem e até mais ver”.

A tentação de capturar a iniciativa privada de alguns mais capacitados – até pelas suas redes sociais e económicas de origem – para justificar uma visão política que afinal se reduz a um safe-se quem puder, é o risco decorrente do excessivo protagonismo destas coisas. E afinal, quem sabe, faz. Quem não sabe, fala…

Escreve à sexta-feira