Marinho e Pinto. O best of

Marinho e Pinto. O best of


Desde que, em 2007, foi eleito bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho e Pinto nunca mais deixou de ser notícia.


De verbo fácil e afiado, o agora eurodeputado e candidato às próximas legislativas colecciona declarações controversa que foram abrindo sucessivas “frentes de guerra” na política e na justiça. 

Eis o líder do Partido Democrático Republicano através de algumas das suas frases mais polémicas:

“A ministra é uma barata tonta que não sabe o que faz” 

Em guerra com a ministra da Justiça (Abril de 2012)

Críticas As guerras com o governo e em particular com a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, foram recorrentes durante os mandatos de António Marinho e Pinto à frente da Ordem dos Advogados. “A senhora ministra da Justiça pode não gostar de mim e tem todo o direito, porque eu também não gosto dela”, afirmou, logo em Dezembro de 2011, no encerramento do VII Congresso dos Advogados. Meses depois, em Abril de 2012, no programa “Conversas Improváveis”, da SIC Notícias, foi mais longe e chamou “barata tonta” à titular da Justiça. “Ela estava bem a chefiar polícias porque tem mentalidade de polícia. (…) O poder subiu-lhe à cabeça, é uma pessoa vingativa, uma pessoa traiçoeira, não se pode confiar nela”, diria na mesma ocasião – críticas que, não poucas vezes, foram estendidas a todo o governo ou, nas palavras de Marinho, os “betinhos e betinhas de Lisboa que estão no governo”.

“Vou fazer o striptease que os outros se recusam a fazer”

Parlamento Europeu ​(Outubro de 2014)

Salário vergonhoso O lançamento do PDR, em Coimbra, há menos de um ano, ficou marcado pela decisão de Marinho e Pinto de publicar no site do partido o seu vencimento no Parlamento Europeu. “Vou fazer o striptease que outros se recusam a fazer. Não tenho nada a esconder em relação ao chorudo salário que me pagam.” Marinho foi eleito pelo MPT para o Parlamento Europeu e classificou o salário que recebe como “vergonhoso”. Apesar disso, o advogado não abdica de o receber na totalidade, porque não é a favor da “caridadezinha”. O eurodeputado garante ainda que o dinheiro lhe faz falta. “Eu sou pobre, preciso do dinheiro, tenho uma filha no estrangeiro.”

“Alguns magistrados pautam-se nos tribunais portugueses como os agentes da PIDE se comportavam nos últimos  tempos do Estado Novo”

Os privilégios dos magistrados (Julho de 2008)

Justiça A acusação aos magistrados foi feita em 2008, quando era bastonário da Ordem dos Advogados. Marinho é um crítico dos “privilégios escandalosos” dos juízes e chegou mesmo a acusá-los, em 2010, de estarem “permanentemente a pôr processos, a inventar processos, a prolongar artificialmente a duração de processos para terem os políticos reféns das suas reivindicações, das suas exigências”. No programa eleitoral, o PDR defende que a justiça precisa de “reformas profundas” porque “é um entrave à economia e à cidadania”. “Queremos magistrados que efectivamente sejam magistrados, e não que sejam majestades. Nós temos majestades nos tribunais e queremos magistrados com sentido de serviço público e que encarem os tribunais como um local de trabalho, e não como palácios”, disse ao i Marinho e Pinto. 

“[Um salário de 4800 euros] não permite ter grandes coisas. Não permite ter padrões de vida muito elevados em Lisboa”

O salário dos deputados (Setembro de 2014)

“Indigno” Depois das críticas ao valor dos salários dos eurodeputados [cerca de 18 mil euros], Marinho e Pinto surpreendeu quando, em entrevista à Rádio Renascença, considerou “indigna” a remuneração dos eleitos à Assembleia da República [cerca de 3500 euros]. Para o líder do PDR, um deputado não deve ganhar menos que um bastonário – 4800 euros, o valor que o próprio recebia quando liderou a Ordem dos Advogados. Um valor que não é nenhuma fortuna, defendeu aos microfones da estação: “Acho que não permite grandes coisas. Não permite ter padrões de vida muito elevados em Lisboa.” Para Marinho e Pinto, “os órgãos de soberania em Portugal são mal remunerados, a começar no Presidente da República e a acabar nos juízes”, passando pelos deputados, pelo que o “parlamento português tem de encontrar rapidamente uma remuneração condigna para a função de legislador”. 

 “Não sei se o povo português não faria melhor em fazer greve à democracia, precisamente no dia das eleições”

A mediocridade dos políticos ​(Abril de 2011)

Greve Mesmo antes de disputar eleições, Marinho e Pinto já era um feroz crítico da classe política. Nas eleições de 2011, o advogado defendeu que os portugueses deviam fazer greve à democracia. O objectivo era castigar a classe política. “Era a grande punição para a mediocridade e incompetência dos políticos. Era envergonhá-los perante a Europa e o mundo”, defendeu, aos microfones da TSF, o agora candidato às eleições legislativas pelo PDR. A greve às eleições, explicou Marinho, poderia ser “o primeiro passo para a refundação da República sem violência e sem os velhos recursos a estereótipos revolucionários ou contra-revolucionários”. Em entrevista ao i na campanha das europeias, o advogado explicou que “um dia de greve à democracia podia funcionar como uma punição, porque seria uma vergonha internacional”. 

“Uma criança não pode ter um pai a fazer de homem e outro a fazer de mulher”

Adopção por homossexuais (Janeiro de 2010)

Família Marinho e Pinto é contra a adopção de crianças por casais homossexuais. O presidente do PDR acusa os defensores da adopção de estarem “a tirar à criança o direito de ter um pai e uma mãe, em troca de ter dois pais e duas mães”. Para provar que é importante a criança ter um pai e uma mãe, Marinho lançou, num debate na RTP sobre o assunto, uma pergunta: “Por quem é que a criança chama à noite quando tem medo?” E deu a resposta: “Não tirem à criança o direito de chamar pela mãe ou pelo pai.” Marinho e Pinto já tinha deixado claro, quando foi ouvido no parlamento como bastonário da Ordem dos Advogados, em 2010, que é contra a adopção: “Uma família natural é uma família com um pai homem e uma mãe mulher. Não é um pai a fazer de homem e outro a fazer de mulher.” No programa eleitoral, o PDR não se debruça sobre os temas fracturantes. Aposta no aumento da natalidade e propõe a criação do Ministério da Mulher. Marinho e Pinto defende, na parte do programa dedicada à família, que “é tão estúpido pretender que o sexo oposto só sirva para a procriação como querer reduzi-lo a um instrumento de prazer”.