Aos 20 anos de existência o Teatro Praga expande-se e abre-se ainda mais à comunidade, artística e não só. O número 6 da Rua das Gaivotas, em Lisboa, vai renascer no início de Outubro, com o nome DNA (sigla de District of New Art), uma nova actividade cultural e espaços renovados para a acolher. Esta nova vida da estrutura deve-se ao projecto apresentado pela companhia para a recuperação de parte do palácio seiscentista e instalação de um equipamento cultural com programação variada, que ganhou o concurso de concessão da antiga Escola das Gaivotas, lançado pela Câmara Municipal de Lisboa, em 2012. A proposta apresentada inclui a ocupação de uma área de cerca de 400 m2, em dois pisos, de um edifício que em tempos foi também a primeira sede do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa (SPGL), como testemunha a placa colocada na fachada e como lembrou ontem, numa visita guiada aos jornalistas, a actriz Cláudia Jardim que ali ensaiou a vários anos de distância deste projecto, com inauguração marcada para 6 de Outubro.
Nesse dia, que é também o do 20º aniversário da companhia, será apresentada a primeira programação trimestral, feita com a colaboração de parceiros regulares e anuais. De resto, o objectivo é que a nova casa seja “um espaço tendencialmente aberto”, como refere a actriz, vocacionado para receber estruturas e criadores mais recentes, com dificuldades de acesso a salas de ensaios, que encontrem ali um lugar para mostrar o seu trabalho. A par da sala de ensaios, já utilizada pelo Teatro Praga, há um espaço central com capacidade para 50 pessoas, que permite a apresentação de peças.
Além disso, o equipamento vai contar com um Centro de Documentação e Mediateca de Artes Performativas e Cinema aberto ao público, que deverá estar a funcionar a partir do final de Outubro, e uma sala dedicada a exposições e artes plásticas, junto à qual ficará um pequeno estúdio de som, para projectos próprios, como a criação de uma rádio por Susana Pomba – curadora do programa mensal “Old School”- e para prestar serviços a outras estruturas. As obras nestes dois espaços estão ainda em fase de conclusão, já que cabe ao Praga captar financiamento para reduzir os encargos e garantir a manutenção do espaço. A companhia reuniu entretanto alguns apoios logísticos, mas de momento continua a trabalhar com o mesmo orçamento que tinha antes de ganhar o concurso. Este prevê a permanência da companhia à frente do projecto até 2018, com possibilidade de renovação. Estimado em 68 mil euros, o custo das obras deverá, no entanto, ser superior. Para isso, será proposto às companhias e criadores uma percentagem sobre a bilheteira, a troco da cedência de espaço e de recursos para desenvolvimento de projectos artísticos e culturais.
Programador Com estas novas valências o Teatro Praga junta novas competências às suas próprias criações e produções, como nota José Maria Vieira Mendes. “A nossa função é a de um programador, apresentando ideias e avaliando projectos que nos serão entregues”. Numa primeira fase, serão os parceiros que o Teatro já tinha os primeiros interessados, mas Cláudia Jardim acredita que a partir do próximo an, outros se juntarão. Até porque, sublinham, o que interessa à companhia é ser um espaço informal de apresentação e além do que está programado há margem para incluir outras criações.
Outro dos objectivos é funcionar como pólo cultural dinamizador e agregador, criando redes com estruturas da zona, através de colaborações e trabalhos desenvolvidos com as escolas e uma comunicação permanente com a Junta de Freguesia. Ou como resume Cláudia Jardim: “trazer as pessoas para pensarem connosco”.
Nesta vertente, destaca-se a disponibilização de conteúdos e espaço de trabalho do Centro de Documentação e Mediateca, que vai incluir uma biblioteca dedicada às artes performativas e com os livros arrumados de forma “cromática”. Isto é, “uma organização caótica e por cores”, explica José Maria, com o propósito de que cada obstáculo para encontrar o que se pretende se converta numa descoberta surpreendente. Somam-se o plano de formação
“Catequese” e na área do cinema com apoio da oficina “Os Filhos de Lumiére”. De resto, a 6 de Outubro, a partir das 19h, duas dezenas de colectivos e artistas que colaboraram com a companhia vão dar workshops de cinco minutos na Escola das Gaivotas. Será também apresentado “Meat Market”, que reúne o trabalho de cinco novos artistas.
Em nome própria, também há novas produções a caminho, como um projecto em torno de Fernando Pessoa e África, cujos pormenores ficam prometidos para Novembro. Para já é tempo para conhecer o que traz o programação do novo espaço, até ao final deste ano.
Agenda:
Old School –Programação mensal / entrada gratuita
Old School #38
Diogo Alvim & Matilde Meireles
17 de Outubro às 22:00
Old School #39
Cláudia Varejão
14 de Novembro às 22:00
Old school #40
João dos Santos Martins
12 de Dezembro às 22:00
Terceira Viatm | Kolmas Tietm – The art of bowing to the East without mooning the West
Uma conferência de imprensa de Riku Nuutti Koistinen [aka Rogério Nuno Costa],
8 e 9 de Outubro, às 21:30/ 3€
Me Siento Guajira, de Joana Barrios
22 de Outubro a 7 de Novembro, quinta-feira a sábado, às 21:00 / 7€
Cápsula, de Rabbit Hole
3, 4 e 5 de Dezembro, às 21:30 / 4€
Santos e Pecadores de André Murraças
14 a 20 de Dezembro, às 21:30 / 7€