E se, de repente, a factura da luz ficasse três ou quatro vezes mais baixa do que é costume? Parece impossível, mas essa é a garantia de um grupo de investigadores da Universidade de Coimbra. O truque está num sistema de gestão das trocas que permite armazenar a energia produzida ao longo do dia, normalmente através de um painel fotovoltaico, numa bateria, optimizando a produção e evitando o recurso à rede de distribuição de energia.
A solução permite uma redução média dos custos de energia em 87%, conta à Lusa Carlos Henggeler, coordenador da equipa. “O painel produz electricidade normalmente quando a pessoa não está em casa, altura em que o consumo energético é mais pequeno”, o que leva a trocas de rede, explicou o investigador, acrescentando que, actualmente, a venda de energia à rede é “menos vantajosa”. Com este sistema, a energia é armazenada na bateria para ser usada mais tarde, o que leva a uma redução de cerca de 77%, não só dos custos de energia, mas das trocas de energia com a rede.
leque de opções O trabalho, na área de Utilização Inteligente de Energia em Cidades, do projecto Energia e Mobilidade para Regiões Sustentáveis, permite ainda decidir se a energia é consumida, armazenada ou enviada para a rede de distribuição, sempre com o objectivo de minimizar custos. O projecto teve por base o consumo médio de uma residência em Portugal e dados reais da radiação solar na cidade de Coimbra. Segundo a universidade, o próximo passo é criar um protótipo do sistema de controlo de fluxos de energia.
Também inserida neste projecto, foi de-senvolvida uma aplicação inteligente para gestão de energia que pode ser utilizada a partir de dispositivos como telemóveis, tablets ou computadores. A aplicação funciona “num contexto de tarifas dinâmicas”, permitindo minimizar a conta da electricidade e gerir a potência contratada através de um “escalonamento das cargas”, explicou o coordenador da investigação.
O utilizador pode submeter parâmetros como potência contratada, temperatura exterior, electrodomésticos disponíveis e preferências dos horários de funcionamento, e através dos dados inseridos a aplicação toma as decisões de gestão energética da residência, com base nesses factores.
Além da aplicação, os investigadores estão a desenvolver “um protótipo de hardware com a componente de sensorização, temperatura e humidade que tenha capacidade de actuação em tomadas controláveis, permitindo ligar ou desligar um dispositivo”, avançou Carlos Henggeler. Os dois trabalhos estão integrados no projecto Energia e Mobilidade para Regiões Sustentáveis, actualmente em curso no âmbito da Iniciativa Energia para a Sustentabilidade (EfS) da Universidade de Coimbra.
Lusa