O Bankinter, décimo maior banco espanhol, e que ficou com o negócio da banca de retalho e seguros do Barclays em Portugal, quer duplicar a quota de mercado que detém actualmente nos segmentos da banca pessoal e privada, de 6% e de 5% para 12% e 10%, respectivamente, disse a diretora executiva da instituição.
Para isso, María Dolores Dancausa espera replicar no país o modelo de crescimento orgânico que tem vindo a aplicar em Espanha. Com esta compra, o Bankinter obtém um aumento de 11,3% na sua carteira de créditos (para quase 48 mil milhões), de 15% nos activos geridos em contas extrapatrimoniais (que ultrapassam os 23 mil milhões) e de 30% na sua carteira de clientes (812 mil).
A aquisição do negócio de retalho do Barclays criará valor para os accionistas do banco a partir do primeiro ano e permitirá alcançar uma rentabilidade do capital investido da ordem de 10%, consideram os responsáveis da instituição.
As operações adquiridas em Portugal “constituem uma excelente plataforma para fomentar a internacionalização do banco e aproveitar as enormes oportunidades de crescimento proporcionadas pelo mercado português”, disse hoje María Dolores Dancausa.
Para a directora executiva do Bankinter, Portugal é um país em que o Bankinter desejava marcar presença há já algum tempo, devido ao seu potencial e à sua proximidade geográfica, com uma economia que já está no caminho da retoma, com as previsões a apontar para um crescimento de 1,6% do PIB em 2015 e de 1,8% em 2016. Ainda, afirma, “o sistema financeiro está dotado de margens superiores às existentes em Espanha e encontra-se em pleno processo de consolidação e reestruturação”.
“Trata-se do palco ideal para o Bankinter poder crescer e captar clientes, tal como demonstrámos em Espanha nos últimos 5 anos, período em que conseguimos duplicar o crédito imobiliário, bem como o património de banca privada, o qual chegou aos 26 500 milhões de euros. Aumentámos ainda o volume de depósitos dos clientes em 45% e conseguimos obter um incremento de 25% da carteira de créditos a empresas”, afirmou María Dolores Dancausa.
O Bankinter espera que o negócio em Portugal venha a ter, a médio prazo, o mesmo peso que tem o negócio em Espanha, em termos relativos e prevê que a operação atinja uma rendibilidade sobre o capital investido superior a 10% em 2020.
O negócio de retalho do Barclays em Portugal integra uma carteira de créditos de 4881 milhões de euros, 2936 milhões de euros em ativos geridos em contas extrapatrimoniais. O banco possui uma rede de 84 balcões, uma equipa de mil colaboradores e 185 mil clientes, dos quais 20 300 são empresas.
Nos termos do acordo de compra subscrito com o Barclays a 2 de setembro, o Bankinter pagará um preço aproximado de 100 milhões de euros pelo negócio. A Bankinter Seguros de Vida, sociedade controlada em 50% pelo Bankinter e pela Mapfre, pagará um preço estimado de 75 milhões pelo negócio dos seguros e pensões em Portugal. A concretização da operação depende ainda das autorizações dos organismos competentes e das entidades reguladoras, num prazo de 4 a 6 meses, ao qual se deverá seguir a integração, processo que deverá levar um ano.