Tinha 25 anos quando subiu ao trono, no dia 26 de Fevereiro de 1952. Passados 63 dias, sete meses, 16 horas e 30 minutos (precisamente às 17h30 do dia de ontem, 9 de Setembro) entrou para a história da sua nação. Ultrapassando a marca da sua trisavó, rainha Vitória, Isabel II tornou-se a monarca com mais tempo de reinado do Reino Unido.
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“Declaro perante todos vocês que toda a minha vida, quer seja longa ou curta, vai ser dedicada ao vosso serviço”, prometeu um dia a rainha que não veio ao mundo para ser coroada.
Elizabeth Alexandra Mary nasceu em Londres, a 21 de Abril de 1926. Neta do soberano George V, embora recebesse tratamento de Sua Alteza Real a Princesa Isabel de York, e ocupasse a terceira posição na linha de sucessão ao trono, atrás do seu pai o Príncipe Albert (Bertie), Duque de York, e do seu tio Edward David, nada fazia prever que viesse a ser rainha.
Mas o destino encarregou-se de lhe abrir o caminho do trono. Depois de o seu tio, Eduardo VIII, abdicar para se casar com uma americana divorciada, o pai de Isabel, príncipe Alberto, torna-se rei (George VI). Como era a mais velha das duas filhas do rei, Isabel passa a ser a ser a sucessora do trono que viria a ocupar depois da morte do pai, há 63 anos. Elizabeth Alexandra Mary tornava-se então a 40 ª monarca e a sexta rainha do Reino Unido da Grã Bretanha e Irlanda do Norte.
60 anos de história Ao longo destas seis décadas, o reinado de Isabel II assistiu a profundas alterações no século XX e no início do século XXI. Deu posse a 12 primeiros-ministros (o primeiro foi Churchill). Viu o mesmo número de presidentes liderarem os Estados Unidos, e sete Papas diferentes no Vaticano.
Presenciou as dificuldades económicas do país depois da Segunda Guerra Mundial, o florescimento das artes e letras e as dificuldades da monarquia devido à separação de três dos seus quatro filhos: Carlos, Ana e André. A morte trágica da princesa Diana, em 1997, foi outro dos momentos negros que a monarca viveu. Na altura, a rainha foi muito criticada por ter manifestado alguma frieza sobre o falecimento da princesa do povo.
Isabel II acumula ainda outro recorde: é a única chefe de Estado viva que participou na Segunda Guerra Mundial. Em Fevereiro de 1945, ingressou no Serviço Territorial Auxiliar das Mulheres. Foi treinada como motorista e mecânica, dirigindo um camião militar, e foi promovida a Comandante Júnior cinco meses depois. Com 89 anos, tem quatro filhos – Príncipe Carlos, Princesa Ana, Príncipe Eduardo e Príncipe André – oito netos – entre os quais o príncipe William, segundo na linha de sucessão ao trono britânico – e cinco bisnetos. Já fez 265 visitas oficiais, respondeu a 3,5 milhões de cartas e e-mails e enviou mais de 10 000 telegramas de felicitação aos cidadãos dos países da Commonwealth que completaram 100 anos, lembrou ontem Cameron numa sessão especial para lhe prestar tributo.
“Com o seu desinteressado sentido de missão e de dever, conquistou um respeito e admiração incomparáveis, não só no Reino Unido, mas em todo o mundo”, disse o chefe do executivo britânico. “A rainha é a nossa rainha e não podíamos estar mais orgulhosos dela”, sublinhou ainda Cameron, agradecendo também ao duque de Edimburgo por a ter acompanhado durante todos estes anos.
Visita a Portugal Tinha apenas 30 anos quando a rainha visitou Portugal, acompanhada pelo marido, o príncipe Philip, Duque de Edimburgo, com quem tinha casado exactamente 10 anos antes, em Feveiro de 1947. Salazar preparou tudo para que a encencação fosse perfeita: fez-se um desfile de barcos no Tejo, um cortejo pela cidade com coche do século XVIII, arranjou-se o Palácio de Queluz e Mosteiro da Alcobaça. E até se comprou um Rolls-Royce em segunda mão para transporte da soberana. Portugal entrou nas bocas do mundo: foi tudo pensado nesse sentido. E a imprensa estrangeira correspondeu.