Antero Neto no bilhete de identidade, Terinho para toda a Afurada. Aquele que foi treinador de futebol de meia freguesia é visto como uma espécie de padrinho da camada jovem. “São quase todos meus filhos”, diz, orgulhoso, com os braços abertos, que apesar de curtos chegam para um abraço colectivo. A baixa estatura não lhe permitia cabecear, mas fez com que aperfeiçoasse as fintas que ensinava aos mais novos. “O Abílio e o Quinito passaram-me pelas mãos”, refere, “ou pelos pés”, brinca. Terinho lembra que o Vítor Baía, apesar de natural da Afurada, já aprendeu as artes da bola com outros treinadores. “Mas vem cá muitas vezes, é uma jóia”, garante.
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Ser filho de pescadores era quase obrigatório, mas preferiu nunca se fazer ao mar. “Só pesco para comer.” Enguias, solhas e fanecas são as espécies que mais lhe caem na rede. “Eu pesco e a patroa cozinha, é uma maravilha.”
Com mais tempo livre desde que se reformou, Terinho tem a neta como companhia e o Central como sala de estar.
“Venho cá para aí umas 20 vezes por dia.” Entre um café e outro, uma folheadela de jornal e uma conversa com amigos, há ainda espaço para dar algumas dicas futebolísticas a quem lhe pede. Com uma vida tão agitada, Terinho tem ainda tempo para servir de relações públicas da freguesia, assumindo o papel de organizador de eventos. “As excursões são quase sempre de comes e bebes”, explica, “mas às vezes vamos também ao futebol ou à revista.” Mesmo nas mais culturais, há sempre uma paragem obrigatória para lançar a toalha e comer o farnel que enche a mala do autocarro. “E há coisa melhor?”