A outra história do Belenenses

A outra história do Belenenses


À 11.ª vez, o clube do Restelo lá passa duas eliminatórias europeias (só o Porto é pior, com 12 tentativas)


Serafim, Amaro, Feliciano, Rafael e Quaresma. Em Abril de 1946, há cinco jogadores do Belenenses no onze da selecção nacional, vitoriosa sobre a França (2-1), no Jamor. Um mês depois, o Belenenses comete a sua maior proeza de sempre, a de se sagrar campeão nacional com o 2-1 em Elvas. Daí para cá, duas Taças de Portugal (uma ao Sporting, em 1960, outra ao Benfica, em 1989) e dois títulos de campeão da 2.ª divisão (1984 e 2013).

E na Europa? Quis o destino que o Belenenses se encontrasse três vezes com o Barcelona. Em nenhuma delas segue em frente, mas a irreverência está lá e só é eliminado muito a custo: ao terceiro jogo em 1962-63 e pela margem mínima em 1976-77 e 1987-88. Na época seguinte, em 1988-89, quis o destino que o Belenenses fosse autor de uma das inacreditáveis proezas de sempre do futebol português, o de ser afastado da Europa sem qualquer golo sofrido em 390 minutos de bola com Bayer Leverkusen (detentor do título, então albalroado com duplo 1-0) e Velez Mostar (decisão nos penáltis, na então Jugoslávia, após duplo 0-0). E de proezas assinaláveis estamos arrumados. Ou não.

Trinta jogos nas competições europeias e apenas sete vitórias, duas delas na pré-eliminatória da Liga Europa 2015-16 (uma sobre o IFK Gotemburgo, em casa, outra sobre o Altach, fora). Tanto os suecos como os austríacos eliminados. Olé. E assim se faz dupla história com duplo agá maiúsculo. Além do apuramento inédito para a fase de grupos, onde conhece os adversários daqui a hora e meia, é a primeira vez que o Belenenses ultrapassa a segunda eliminatória. À 11.ª tentativa, é de vez. Culpa de Sá Pinto, o treinador de um plantel inteiramente português.

Com que então à 11.ª tentativa. E os outros dignos representantes portugueses? O Benfica consegue-o à segunda tentativa, na época em que se sagra campeão europeu (1960-61). O Sporting consegue-o à quinta, na época em que levanta a Taça das Taças (1963-64). Tal como o Braga (1997-98) e o Vitória de Setúbal (1968-69). O Vitória de Guimarães, acredite, é mais cedo ainda: à quarta (1986-87). E a Académica? À segunda. Acredite, sim senhor (1969-70). Falta aqui um nome. E o Porto? Uyyyyyy. Só o Porto consegue pior que o Belenenses, à 12.ª, em 1972-73.