Meta o dedo no ar quem apostou numa vitória de Jeremy Flores no Billabong Pro Tahiti. Ok, estamos conversados. Não era pela qualidade do surfista francês, mas poucos seriam capazes de prever que a vitória lhe sorriria. Flores só tinha um triunfo na carreira, já em 2010, no Pipe Masters. Ainda por cima chegava a Teahupo'o, talvez a onda mais pesada e perigosa do tour, depois de uma grave lesão na cabeça (numa sessão de freesurf pela Indonésia) que obrigou a uma intervenção cirúrgica.
O surfista nascido nas Ilhas Reunião competiu com um capacete e atirou-se às ondas com uma confiança e comprometimento de louvar. No último dia de prova, na madrugada desta quarta-feira, começou por eliminar Kelly Slater, que também tinha estado em grande nas ondas taitianas. Depois afastou CJ Hobgood na meia-final. Chegada a bateria decisiva, via-se com o campeão mundial pela frente. E Gabriel Medina tinha demonstrado no Tahiti que estava de regresso à sua melhor forma.
Jeremy não se intimidou. Demorou a entrar no ritmo, mas quando apanhou a primeira onda conseguiu 9,87 pontos, deixando logo o brasileiro sob pressão. Depois fechou a sua pontuação com um 7,00, totalizando 16,87 (contra os 13,20 de Medina).
"Gabriel é um surfista muito táctico, muito agressivo na água. Sabia que tinha de ser ainda mais agressivo que ele. Tiro-lhe o chapéu, foi excelente durante todo o evento. Não havia muitas ondas no início da final. Estava sempre a olhar para as montanhas, e pensava 'mesmo que perca estou no paraíso, sou o homem mais feliz do mundo'. Estava a tentar acalmar-me", confessou no fim o surfista francês.
Com este merecido triunfo, Flores subiu cinco lugares no ranking, de 12.º para 7.º, ficando agora em posição de lutar pelo título mundial. Medina também teve uma ascensão considerável, fechando agora o top-10 (estava em 15.º).
Adriano de Souza, que foi eliminado nas primeiras rondas do evento, acabou por não perder o primeiro lugar do ranking mundial. Mick Fanning e Owen Wright estão muito perto do Mineirinho, com Julian Wilson e Filipe Toledo também à espreita de roubar o jersey amarelo.
Por isso, espera-se um muito emocionante Hurley Pro, em Trestles, de 9 a 20 de Setembro (oitava de 11 etapas). Após os EUA, o circuito segue para França e depois para Supertubos (Peniche), onde se realiza a penúltima etapa de 2015.