Black Monday. Pequim arrasta o globo para derrocada bolsista

Black Monday. Pequim arrasta o globo para derrocada bolsista


Bolsas chinesas caíram mais de 8,5% e o pânico alastrou ao globo: 300 maiores empresas europeias desvalorizaram 450 mil milhões e acções norte-americanas registaram pior queda desde 2011


As acções europeias registaram esta segunda-feira quedas que não se viam desde o início da década, em reacção à queda generalizada dos índices asiáticos provocada pelas quebras de 8,5% das bolsas chinesas, que lançaram o pânico entre os investidores durante esta segunda-feira.

Na Europa, o impacto mais visível deste pânico foi a desvalorização do índice que reúne as 300 maiores empresas do Velho Continente a desvalorizar 450 mil milhões de euros. O FTSeurofirst300 afundou 5,4% na sessão desta segunda-feira, o pior registo desde Novembro de 2008, no dia apelidado de "black monday". Só na bolsa inglesa (FTSE), a capitalização bolsista das empresas caiu mais de 80 mil milhões de euros ao longo da sessão, tendo esta segunda-feira sido o dia da maior quebra no Footsie desde Março de 2009 e a 24ª maior desvalorização diária desde 1984.

Já a bolsa portuguesa, apesar das menos importantes da Europa, foi das que mais recuou, com uma queda de 5,8%, ou seja, uma desvalorização superior a três mil milhões de euros – Banif, Pharol, Galp ou Altri foram as empresas cotadas no PSI20 que mais desvalorizaram, perdendo entre 10,3% e 7,5%. Já a Semapa, REN, CTT ou Teixeira Duarte foram as que registaram os melhores desempenhos, ou seja, as que perderam menos – mais de 3% ainda assim.

Nos EUA, o regulador dos mercados logo pela manhã suspendeu a negociação de futuros no Nasdaq depois de este ter caído 5% pouco depois de abrir, o máximo permitido num único dia pela regulação em Wall Street. O Dow Jones acabou por cair 3,5%, o S&P500 quase 4% e o Nasdaq recuou 3,8%.

A grande vaga vendedora desta "black monday" está a ser atribuída pelos analistas às dúvidas dos investidores face à capacidade da China aguentar o ritmo de crescimento económico e também da desconfiança perante a eficácia dos estímulos com que o governo de Pequim poderá avançar e do excesso de dependência do globo da economia chinesa.

“O problema é relativamente simples: no mundo pós-grande recessão, todos os países têm procurado afastar-se dos problemas através das exportações. Mas este modelo só funciona se as exportações encontrarem um mercado, como acontecia quando a China estava a crescer a dois dígitos”, resumiu o editor de Economia do “The Guardian”, sobre o efeito cascata da “black monday” que nasceu na Ásia e afectou todo o globo.

A desvalorização tem sido sentida na generalidade das empresas cotadas em bolsa, mas afectando sobretudo as empresas dedicadas à exportação de matérias-primas, cujo preço entrou em queda perante a ameaça de quebras nas compras da China. O petróleo caiu para o valor mais baixo dos últimos 6,5 anos.

Por outro lado, os ditos activos refúgio – porque mais seguros apesar de menos compensadores – como o ouro e as obrigações alemãs foram o destino de muito do dinheiro que os investidores decidiram tirar das bolsas.