De acordo com a edição desta sexta-feira do jornal El Mundo, a procuradoria de menores do País Basco considera que os responsáveis pela ablação do clitóris foram os avós maternos das crianças. Foi a mais velha das irmãs, de 14 anos, quem denunciou o crime a uma funcionária de serviço social.
O diário escreve que no Mali, país de origem dos pais das quatro irmãs, cerca de 98 por cento das mulheres sofrem mutilação do clítoris, numa prática que é considerada um ritual de passagem de menina a mulher.
O médico forense que examinou as crianças comprovou que as quatro tinham sido vítimas de ablação clitoriana. Fontes judiciais ligadas ao caso e citadas pelo El Mundo consideram que o caso deveria motivar a Audiência Nacional (uma instância especial em Espanha, responsável pelos crimes de maior complexidade) a instaurar um processo contra os presumíveis autores materiais do crime, os avós das meninas, que vivem no Mali.
Em 2013 outras duas crianças residentes no País Basco tinham sofrido o mesmo tipo de crime: uma criança com familiares no Mali e outra na Guiné-Conacry. Segundo a investigação policial, os responsáveis também foram os avós.
Os juristas ouvidos pelo jornal relativamente a este consideram muito difícil que a justiça espanhola consiga processar os familiares das vítimas. Tecnicamente, no Mali a ablação não é um delito, pelo que qualquer pedido de extradição da Audiência Nacional não seria acolhido pelas autoridades daquele país.
Lusa