A família de Alexandre Soares dos Santos é uma das mais ricas de Portugal, com uma fortuna avaliada em dois mil milhões de euros, segundo o contador em tempo real da Forbes.
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O grupo Jerónimo Martins, principal holding da família, está presente em três países – Portugal, Polónia e Colômbia –, e empregava, no final de 2014, 86 593 trabalhadores em todas as geografias. A estes acrescem os 13 funcionários da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), pertença da família, que foi criada em 2009 como forma de “uma justa retribuição à sociedade portuguesa, que tanto deu e continua a dar ao grupo”.
A Jerónimo Martins fechou o ano passado com vendas de 12,6 mil milhões de euros e um resultado líquido de 302 milhões de euros.
É em Portugal que está o grosso do negócio do grupo, que se foca em três grandes áreas: distribuição, indústria e serviços. Na Polónia, onde está presente há 20 anos com a cadeia de supermercados Biedronka e, desde 2011, com as drugstores Hebe e as farmácias Apteka na Zdrowie, a Jerónimo Martins já é líder de mercado no retalho, e na Colômbia, onde abriu 86 lojas, pretende continuar a crescer. E nem a experiência menos boa no Brasil – de onde o grupo teve de sair no final dos anos 1990, devido aos elevados custos da operação – faz a família olhar com menos optimismo para esta nova aposta na América do Sul.
Mas para perceber a dimensão e o impacto do grupo no país é preciso voltar novamente atrás. Em Portugal, quando se fala do grupo Jerónimo Martins fala-se de Unilever-Jerónimo Martins – uma parceria que remonta a 1949 –, da Gallo Worldwide, das lojas Pingo Doce, do Recheio, da Jerónimo Martins Distribuição, da Jerónimo Martins Restauração e Serviços e das lojas Hussel.
Não foi possível apurar quantos dos mais de 86 mil funcionários do grupo estão alocados a Portugal, mas será uma parte significativa, uma vez que é também o país com maior presença do grupo.
O relatório e contas relativo ao final de 2014 revela que o grupo criou quase 10 mil novos postos de trabalho durante o ano passado e doou pelo menos 15,9 milhões de euros a instituições de solidariedade.
Salários acima da média O i tentou contactar a Jerónimo Martins e a Sociedade Francisco Manuel dos Santos para perceber qual o salário médio em cada uma das empresas do grupo, mas tal não foi possível até ao fecho da edição. Portanto, fomos fazer contas com os dados disponíveis na informação financeira e recorremos às várias entrevistas que Soares dos Santos deu nos últimos anos.
Nas contas do ano passado, a Jerónimo Martins garante que no grupo se paga um “salário mínimo acima do salário mínimo nacional”, actualmente fixado nos 505 euros para trabalhadores a tempo inteiro. Em entrevista ao i, em Janeiro deste ano (com o título “A única coisa séria que existe em Portugal é o Partido Comunista”), Alexandre Soares dos Santos garantia que em 2013 o salário mais baixo pago no grupo era de 786 euros. E que o “salário médio mais baixo” na Unilever era de dois mil euros.
Para além disto, a Jerónimo Martins criou um fundo de emergência social para apoiar os funcionários com mais dificuldades. As contas revelam que entre 2012 e 2014 foram alocados 3,7 milhões de euros a este mecanismo.
Quanto à Fundação Francisco Manuel dos Santos, e fazendo os cálculos de forma simplista, dividindo o custo com remunerações de funcionários constante nas contas da FFMS pelo número de pessoas com contrato de trabalho, o salário médio é de 2400 euros – valores substancialmente mais elevados do que os da média nacional que, segundo os dados mais recentes da Pordata, se fixavam nos 911 euros mensais.
Com um orçamento anual de cerca de 8,8 milhões de euros, a FFMS já editou dezenas de ensaios, estudos e livros sobre educação, e já realizou documentários, encontros internacionais e dezenas de conferências. A fundação é ainda responsável pela base de dados Pordata, com estatísticas nacionais e europeias, e lançou recentemente, em parceria com a Universidade Europeia, o GlobalStat, que agrega dados estatísticos mundiais.