A Camargo Corrêa – dona da Camargo Corrêa Portugal – está a tentar fazer um acordo de colaboração com o governo no âmbito das investigações ao caso Lava Jato, para evitar perder a idoneidade, o que impediria a construtora de concorrer a leilões estatais e a pedir empréstimos de bancos públicos.
A notícia, que está a ser avançada pelo jornal Folha de São Paulo, dá conta de que os accionistas da Camargo Corrêa assumiram já parte das responsabilidades em crimes que foram confessados por dois delatores, antigos executivos da empresa. Agora, a construtora parece estar disposta a explicar a sua participação na formação de cartel e manipulação de resultados para a usina nuclear Angra 3 e para a hidroeléctrica de Belo Monte.
A mesma publicação revela que a empresa, liderada por Marcelo Odebrecht – que foi detido preventivamente no mês passado – já fez um acordo também com a Conselho Administrativo de Defesa Econômica, uma espécie de Autoridade da Concorrência, ao qual já entregou documentação que prova que houve formação de cartel.
Se a Camargo conseguir chegar a acordo com o Governo, neste caso com a Controladoria-Geral da União, deverá ficar obrigada ao pagamento de indemnizações às empresas lesadas, nomeadamente a Petrobras, a Eletronuclear e a Eletrobras. No entanto, garante que pode continuar a operar, o que a longo prazo lhe pode garantir a sobrevivência, numa altura em que muitas construtoras brasileiras parecem estar destinadas ao desaparecimento.
O caso Lava Jato está a deitar por terra grande parte das elites brasileiras. Na semana passada foi preso José Dirceu, braço-direito de Lula da Silva no primeiro governo do antigo presidente do Brasil. Dirceu foi o grande mentor do Mensalão – o esquema de compra de votos a favor do Partido dos Trabalhadores (PT) – e as autoridades afirmam haver indícios de que também foi mão sua que controlou grande parte do Petrolão, o esquema que envolveu a Petrobras, construtoras e políticos, numa complexa teia de corrupção e subornos.