Os cartazes sempre deram problemas. E alguns apenas risos


O cartaz do PSD contra Sócrates em 2005 foi dos mais polémicos dos últimos anos.


A campanha para as eleições de 2005 foi das mais duras de sempre. O primeiro-ministro Santana Lopes tinha sido demitido pelo Presidente da República, que dissolveu a Assembleia e convocou novas eleições. O clima era de cortar à faca porque começou a circular o boato (que o PS sempre atribuiu a meios próximos do PSD) de que o candidato a primeiro-ministro do PS era homossexual.

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Quando o PSD coloca na rua o cartaz com a cara de Sócrates e a frase interrogativa “sabe mesmo quem é?”, imediatamente os socialistas consideraram que o PSD estava a utilizar o boato (que para o PS teria sido criado pela própria máquina de campanha social-democrata) de que a orientação sexual de Sócrates não era pública. O tema dominou a campanha eleitoral, com os jornais de referência a tentarem evitar o assunto, que se tornou tabu. Existia, mas não se falava.

Até que um dia, Santana Lopes, depois de um almoço com mulheres, no Minho, disse que estava a gostar daquele “colo” e afirmou que “outros prefeririam outros colos”. O boato parecia estar a ser assim utilizado abertamente pelo ex-líder do PSD, embora ele sempre tivesse negado que fosse esse o sentido da frase. Sócrates não perdoou a campanha negra.

Recentemente afirmou ao “Expresso”, lembrando as várias vezes que Santana lhe perguntou se iria aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo: “Na televisão insinuou num debate que eu era homossexual, queria que eu dissesse que era, era isso que ele queria. O bandalho! E com o Diogo Infante, pessoa que nunca conheci e com quem nunca falei na minha vida!”

O cartaz “sabe mesmo quem é” foi dos mais polémicos dos últimos tempos, por chamar a atenção para aquilo que acabou por se transformar numa espécie de campanha negra. Mas outros cartazes deram polémica, nem que fosse a posteriori: em 1985, Almeida Santos pediu 43% para o PS ter uma maioria absoluta. O PS teve 20,77%. O cartaz em que Sócrates prometeu o objectivo de “recuperar 150 mil empregos” foi terrível para o PS e teve um efeito bumerangue.

2005

O PSD fez um cartaz contra Sócrates que o PS considerou uma alusão ao boato sobre a sua homossexualidade. Sócrates reagiu.

2001

Na corrida à Câmara de Lisboa, Portas lançou o cartaz “Eu fico”. Depois do episódio do “irrevogável”, o cartaz foi bastante gozado.

2005

Na campanha de 2005, Sócrates prometeu recuperar 150 mil empregos. Essa frase ainda hoje é utilizada contra o PS e os resultados do seu governo.