Luís de Matos dispensa apresentações em Portugal e no estrangeiro. Apesar dos seus 44 anos, já lá vão 34 de carreira se contarmos com a primeira vez que se apresentou em público, em 1981. A partir do próximo sábado e durante o mês de Agosto, Luís de Matos vai participar no espectáculo “Impossible” no Noël Coward Theatre, em Londres. Os organizadores dizem que é o show mais perigoso que Londres já viu, combinando acrobacias que desafiam a morte, truques tecnológicos e grandes ilusões em palco. Jonathan Goodwin, Katherine Mills, Chris Cox, Jamie Allan, Ben Hart, Ali Cook e Damien O’Brien são os mágicos que vão partilhar o cartaz com o ilusionista português. Londres é só mais uma etapa. Desde 2013 passou em locais como a Sydney Opera House, Dubai World Trade Center ou o Auditório Nacional na Cidade do México. Regressa a Portugal em Setembro, antes de seguir para o Brasil e Macau. E não é ilusão.
Como surgiu a participação neste show?
Nos últimos dois anos, para além da digressão nacional com o espectáculo “Chaos”, temos passado muito tempo fora do país, integrando a digressão mundial do espectáculo “The Illusionists 2.0”, em cuja concepção a minha equipa e eu começámos a trabalhar no final de 2013. Estivemos várias vezes na Austrália e fizemos minitemporadas de duas ou três semanas em países como México, Turquia, Emirados Árabes Unidos e Nova Zelândia. É extraordinário actuar em salas como a Sydney Opera House, o Dubai World Trade Center, o Emirates Palace, o Melbourne Arts Center ou o Auditório Nacional na Cidade do México. Quando os produtores do espectáculo “Impossible” começaram a decidir o seu elenco, fui contactado no sentido de fazer parte desta grande produção, provavelmente por conhecerem os programas de televisão que fiz para o Canal 1 da BBC em 2010 e ainda pelo trabalho que fomos desenvolvendo no “The Illusionists 2.0”.
Este é um espectáculo importante na área da magia e do ilusionismo?
Todos os espectáculos são importantes, como importantes são os públicos que a eles assistem. Contudo, o facto de acontecer no coração do West End londrino, a capital dos melhores espectáculos do mundo aos longo dos tempos, faz deste momento uma conquista muito especial e saborosa. Não só porque há muitas décadas que a magia não tinha lugar neste prestigiado palco do mundo como, naturalmente, pela alegria e honra que me faz sentir por ser parte do projecto.
Consegue dizer-nos o que vai ser o seu espectáculo?
No “Impossible” participam oito mágicos diferentes, cada um com uma espécie de especialidade e título. No meu caso serei apresentado como “Grand Illusionist”. Apresentarei algumas das ilusões de maior dimensão, como a desaparição de um carro rodeado de espectadores, mas também algumas das mais simples e que, de alguma forma, se transformaram ao longo da minha carreira em peças de assinatura que caracterizam a minha relação com esta arte e a exploração estética que defendo.
O que preparou de especial?
De entre quase 200 ilusões diferentes inicialmente propostas por mim, a equipa criativa foi escolhendo aquelas que eram mais características do meu trabalho e que, pela sua singularidade, poderiam contribuir para uma maior diversidade do espectáculo. Qualquer uma das nove ilusões diferentes que apresentarei em cada representação do “Impossible” foi adaptada à narrativa e ao dispositivo cénico. Mas quem conhece o meu trabalho com maior pormenor verá algo bastante diferente, fruto desse trabalho de colaboração e criação que juntos temos desenvolvido nos últimos meses.
Vai haver números novos em cada espectáculo?
Não, o espectáculo, que foi construído de raiz, reúne, para além dos mágicos, uma extraordinária equipa de guionistas, cenógrafos, compositores e encenadores que construíram uma narrativa teatralizada que se repetirá ao longo das próximas seis semanas, num total de 52 representações.
Conhece os participantes?
Sim, quase todos, mas especialmente o Jonathan Goodwin, com quem partilhei o palco múltiplas vezes um pouco por todo o mundo.
Aposta numa área específica da magia?
Sempre procurei construir o meu próprio caminho fruto da acumulação de conhecimento, experiência e maturidade estética, tentando constantemente ser hoje melhor do que ontem. Os meus espectáculos são habitualmente só meus e, nessa medida, tanto o “The Illusionists 2.0” como agora o de Londres constituem desafios muito diferentes e extraordinariamente interessantes. Enquanto isso, o “Luís de Matos Chaos” continua a viajar por Portugal e Espanha, e por isso já estou a preparar o próximo.
Refere sempre que do que mais se orgulha é da sua equipa, que mantém ao longo dos anos.
Sem dúvida! A equipa que me acompanha está comigo diariamente há 20 anos. É como se fosse um relógio em que eu sou os ponteiros e eles a máquina que tudo faz acontecer. Neste desafio em Londres estarão comigo o Alexandre Luís Mamede, a Joana Almeida, o José Emídio Silva e a Vanessa Viana. Mas toda a restante equipa está sempre comigo, mesmo à distância.
O que espera deste “Impossible”?
Uma celebração de tudo quanto conseguimos até hoje, no nosso país e fora dele, e um enorme desafio, já que durante 50 representações estaremos a competir ombro a ombro com produções como “The Lion King”, “The Book of Mormon”, “Wicked”, “Les Misérables”, “Matilda”, “Phantom of the Opera” e tantas outras. Sempre se disse que o verdadeiro segredo consiste em estar preparado para quando a oportunidade surge e, nessa medida, espero conseguir estar à altura.
Tem mais espectáculos marcados a seguir ao Noël Coward Theatre?
Felizmente, sim. No regresso a Portugal teremos, em Setembro, a 19.a Edição do Festival Internacional de Magia de Coimbra; em Outubro rumaremos ao Rio de Janeiro, naquela que será a minha primeira incursão no Brasil; e a partir de Novembro estaremos em Macau para a inauguração de um teatro novo onde permaneceremos por um período de três meses. Em Fevereiro regressamos a Portugal.