Grécia. Negociações começam no meio da maior recessão em décadas

Grécia. Negociações começam no meio da maior recessão em décadas


Pontapé de saída nas conversações deve ser dado até quarta-feira desta semana. Esta segunda-feira há um mega evento contra a austeridade.


Os responsáveis europeus – Mecanismo de Estabilidade Europeu (BCE), Banco Central Europeu (BCE), e Comissão Europeia – estão em Atenas desde sexta-feira, para dar início aos trabalhos técnicos com os representantes gregos. As negociações deverão começar entre amanhã, dia 28 de Julho ou quarta-feira, segundo informação avançada pela Bloomberg. Durante esta segunda-feira, chegarão à cidade os responsáveis da missão grega.

Entretanto, vários rumores dão conta de que alguns Estados-membros estarão a pressionar as instituições europeias para exigirem mais medidas ao governo de Alexis Tsipras, antes do início das negociações formais. O parlamento grego já aprovou, nas duas últimas semanas, várias medidas que os líderes da União Europeia consideravam fundamentais para que se desse início aos trabalhos técnicos.

Seja como for, certo é que o atraso nas negociações – estavam agendadas para a passada sexta-feira – se deverá também ao facto de não se chegar a acordo sobre o lugar onde as reuniões deviam acontecer, na capital grega. Os jornais nacionais, no entanto, dão conta de que essa questão já terá sido ultrapassada.

Bolsa fechada, controlo de capitais mantém-se

A bolsa de Atenas mantém-se encerrada pela quinta semana consecutiva, precisamente o mesmo período de tempo que dura já o controlo de capitais imposto pelo Governo ateniense. A economia grega enfrenta a mais pesada recessão dos últimos 50 anos, e a Europa pressiona o governo para que adopte medidas estruturais que controlem a queda livre das contas públicas. No entanto, a Grécia falhou em implementar já dois programas de assistência financeira, e os receios de que as regras de um terceiro também não sejam cumpridas começam a aumentar.

Sobretudo numa altura em que o Syriza está cada vez mais dividido, com Tsipras a não ter o apoio de nomes históricos no partido como o de Panagiotis Lafazanis. Em entrevista ao jornal Real, ontem, dia 26 de Julho, o antigo ministro da Energia de Tsipras afirmou que não apoia este governo “acordar novos memorandos e para os aplicar”.

Esta segunda-feira, o secretariado político do Syriza vai reunir para falar sobre o facto de o governo já não ter o apoio maioritário do partido no Parlamento. Nas votações sobre as medidas de austeridade, na semana passada e na anterior, 39 e 26 deputados do Syriza votaram contra, respectivamente. Tsipras deverá continuar a governar apoiado nos votos da oposição, o que coloca o primeiro-ministro numa espécie de “união de facto” com partidos como o Pasok, o Potami e a Nova Democracia, notam analistas da Roubini Global Economics, ouvidos pela Bloomberg.

Em Atenas, crescem os rumores de que a ala mais à esquerda do Syriza se separe, efectivamente, do resto do partido, e que possa aparecer uma nvoa força política. Para esta segunda-feira está marcado um evento anti-austeridade, organizado pela facção mais radical do partido do governo, e intitulado "O 'não' foi vencido". A referência é ao referendo de dia 5 de Julho, onde 61% dos gregos votaram contra um pacote de austeridade que tinha sido proposto pelas autoridades europeias. Uma semana depois, Tsipras acabou por ceder à Europa – e à austeridade -, com o país à beira da falência.