A semana fecha com a história de uma mulher de 37 anos que deixou um filho recém-nascido num contentor do lixo e voltou à vida de dificuldades, dentro de uma família com mais três crianças, que sobrevive apenas nestes dias de grande aperto, também em Espanha.
O bebé foi localizado por um jovem que passava perto dos contentores e ouviu o seu choro. Teria sido abandonado há meia dúzia de minutos, numa pequena mochila que acabou por permitir localizar a mãe. A mulher confessou à polícia o desespero que leva um ser humano a abandonar um filho.
Mas que Europa é esta? Em que cidades nos vamos arrastando, sem perceber a dor e as dificuldades de quem vive ao nosso lado? Como é possível ninguém ter escutado a tempo o choro desta mãe, que não viu outro caminho na vida da família a não ser deixar o mais frágil dos filhos no lixo?
Nestes dias, que mal conseguimos entender, olhamos incrédulos para as notícias nas televisões dos egoísmos exacerbados desta terra onde vivemos e onde os líderes políticos se sentem felizes e realizados, na mesma medida em que conseguem humilhar, ainda mais um bocadinho, quem já mal consegue levantar a cabeça e há muito deixou de ter o mínimo para pagar as contas e sonhar uma vida melhor para os filhos.
Nas lições da História, tive esta semana no “Jornal 2” uma interessante conversa com Fernando Rosas em que ele advertia para o real perigo do acentuar desta falta de sentido solidário que vai crescendo na velha Europa.
Nestes dias, até poderemos achar apenas mais uma tragédia a dura realidade de uma mãe que deixa o filho mais novo, vivo e a chorar, num caixote do lixo. Não gosto desta Europa nem de quem se diverte apenas a humilhar, sem pensar e perceber que poderemos ser nós o próximo alvo.
Jornalista RTP
Coordenador Jornal 2 – RTP2
Escreve à sexta-feira