O presidente do PS, Carlos César, reuniu-se na segunda-feira com Sampaio da Nóvoa para lhe comunicar que o PS vai formalizar muito rapidamente o apoio a um candidato presidencial. A ideia dos socialistas é fechar o dossiê presidenciais logo depois de fechadas as listas de candidatos a deputados, o que acontecerá no dia 21.
O apoio do PS a Sampaio da Nóvoa era dado como certo até ao dia em que o próprio Carlos César admitiu, numa entrevista à Antena 1, que, se vários socialistas se candidatassem, o PS poderia nem sequer declarar apoio a nenhum candidato presidencial – um aparente recuo estratégico para avaliar o real peso da candidatura no eleitorado socialista. De então para cá, a direcção ficou convencida de que, de facto, as bases do PS estão com Sampaio da Nóvoa, isto apesar de a protocandidatura de Maria de Belém estar a ganhar força entre alguns socialistas, o que não agrada ao Largo do Rato.
Para a direcção do PS, a sondagem do “Expresso” prova que a decisão de apoiar formalmente Sampaio da Nóvoa é a mais correcta: se Sampaio da Nóvoa já tem 33% sem o apoio formal do PS, com o seu apoio terá hipóteses de vitória. Os 25% de Maria de Belém são desvalorizados na base de que o resultado de Nóvoa é matematicamente superior.
Ontem, António Costa, interrogado sobre as presidenciais, frisou que o apoio do partido irá para quem tiver a capacidade de “fazer renascer o mandato dos três presidentes apoiados pelo PS”. Ora, Mário Soares, Jorge Sampaio e Ramalho Eanes são apoiantes de primeira hora de Sampaio da Nóvoa e vão ser apresentados hoje como membros da comissão de candidatura do reitor honorário da Universidade de Lisboa. Costa avisa que “o PS não está hesitante” e “tomará no momento próprio a posição que tiver de tomar”.
Belém segue o seu caminho No entanto, embora a direcção do PS não acredite muito, há poucas dúvidas sobre uma candidatura presidencial de Maria de Belém. A ex-presidente do PS não tem descartado a hipótese, mas nas últimas semanas deu o seu primeiro passo táctico ao pedir ao líder do PS para ficar fora de lugares elegíveis nas listas de candidatos à Assembleia da República.
A ex-presidente do PS tem sido sempre candidata a deputada em lugares de topo nas listas do PS, desde 1999, mas desta vez quis ficar de fora. Quem o disse foi o próprio líder do partido, esta terça-feira confrontado pelos jornalistas com o lugar que Belém teria nas listas: “Terá o lugar que me pediu, primeira suplente da lista de Lisboa.” A lista de candidatos a cada círculo terá de ter tantos nomes quantos deputados o PS elegeu em 2011 (14) e a primeira suplente será Maria de Belém. Ou seja, só será deputada se o PS eleger mais do que 14 deputados por Lisboa ou caso exista renúncia ao mandato por parte de algum dos efectivos. No meio político, este lugar é tido como simbólico e o facto de Belém ter pedido para aparecer nas legislativas apenas a este nível era dado como um sinal, entre os mais próximos da socialista, de como a ex-presidente do partido estava interessada numa corrida presidencial.
Ontem, em entrevista à Renascença, Maria de Belém considerou “muito interessante” a sondagem que dá um quarto da esquerda a defendê-la como candidata presidencial. Belém afirmou também que “tem havido muitas pessoas” a incentivá-la, mas repetiu o que tem dito: “É o tempo das legislativas.” Confrontado com a congratulação da ex-presidente do partido face às sondagens, António Costa disse: “Sempre que um socialista está feliz, estamos todos felizes.”