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É possível que a Grécia não vá cumprir o acordado com as instituições europeias. A crise que se evitou em Julho voltará em força aos primeiros sinais de alarme vindos de Atenas. Mas uma coisa é certa: nenhum país vai querer ser uma futura Grécia. Ninguém quererá sentir na pele o que os gregos vivem por estes dias.
A Grécia corre o risco de assistir ao fim do seu regime; um risco que espreita quando um estado chega às portas da bancarrota. Sucedeu em Portugal na década de 60 do século xvi, repetiu-se diversas vezes ao longo do século xix e, em 1892, chegou a ser fatal para a monarquia, sem falar do que sucedeu na primeira república. Pelo mundo fora são vários os exemplos de que o endividamento excessivo se torna viral e destruidor, de vidas e de países.
Este assunto tem de ser debatido porque a esquerda, que grita “história” quando fala da Alemanha, fecha os olhos à experiência portuguesa. Fecha os olhos porque lhe interessa, porque o combate à dívida pública obriga a rigor orçamental e ao fim da utilização do Estado para satisfazer interesses eleitorais.
O ensaio do Syriza, que resultou em mais austeridade que antes, mostra-nos que a alternativa de que tanto se fala é a falta de fundos, de dinheiro para pagar pensões, salários e o funcionamento de um estado. Ou seja, o caos. O caos, cuja responsabilidade Tsipras não conseguiu atribuir ao povo e que o obrigou a capitular. Ora o que sucedeu esta semana também será história que não devemos esquecer.
Advogado.
Escreve à quinta-feira