Tunísia. Familiar da vítima portuguesa do ataque vai levar amostras de ADN

Tunísia. Familiar da vítima portuguesa do ataque vai levar amostras de ADN


Ataque provocou 38 mortos.


Um familiar da vítima portuguesa do ataque de sexta-feira num hotel tunisino vai viajar para aquele país do norte de África com amostras de ADN, de forma a possibilitar a trasladação do corpo para Portugal ainda esta semana.

"Desde o primeiro momento em que começámos a ver que alguma coisa teria acontecido à minha sogra, preparámos logo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros e com a embaixada [portuguesa] local quais seriam os procedimentos em cada um dos cenários. E o que nos foi explicado foi que, em situação de tragédia fatal, seria desejável que um membro da família se deslocasse lá com comprovantes de ADN para se poder fazer a trasladação do corpo", revelou à agência Lusa Luís Beires Fernandes, genro da vítima.

"Nesse sentido, a partir do momento em que a notícia do falecimento da minha sogra foi confirmada, ficámos a aguardar que nos dessem as instruções relativamente a essa viagem", sublinhou.

E acrescentou: "A embaixada explicou-nos que tal deveria ser tratado pela agência de viagens ou pela sua seguradora e, de facto, foi o que aconteceu. A agência preparou tudo mas, na prática, foi a operadora de seguros que realizou as reservas e que preparou tudo".

Questionado sobre o calendário desta deslocação e das estimativas sobre a data de trasladação do corpo, Luís Beires Fernandes disse que, neste momento, face às informações que foram recolhidas junto da agência e da seguradora, "com base na experiência que têm a expectativa é partir amanhã [domingo], porque hoje já não existem voos para Tunes, e quanto ao retorno, a expectativa é que seja entre segunda-feira e terça-feira, uma vez decorridos os procedimentos legais e práticos necessários".

O genro da única portuguesa que foi vítima do ataque perpetrado na sexta-feira por um homem armado na estância turística de Sousse, na Tunísia, que provocou no total 38 mortos, admitiu a surpresa e o sofrimento que a família sente com esta fatalidade.

"Além de todo o choque que uma situação tão drástica e tão violenta causa, torna-se quase irónico, tendo em conta que a minha sogra estava a recuperar de uma viuvez relativamente recente, e que estava a reaprender a viver – esta era a primeira viagem que ela fazia sozinha -, e tinha ido para um destino que lhe agradava particularmente, onde tinha boas recordações de ter estado com o meu sogro, portanto, acaba por ser uma ironia ainda maior e uma dor adicional que as coisas tenham acontecido desta maneira", realçou.

Luís Beires Fernandes deixou palavras de apreço pelo apoio que as autoridades portuguesas têm dado à família, indicado que "o gabinete de emergência do Ministério dos Negócios Estrangeiros foi "absolutamente exemplar" e que tem recebido todo o apoio da embaixada portuguesa na Tunisia.

Questionado sobre a forma como a família descobriu o que tinha acontecido com a vítima, que tinha 76 anos, o genro revelou os passos dados até à confirmação do óbito da sua sogra.

"Fomos nós, por acaso até através de um amigo que muito diligentemente foi imediatamente à agência de viagens e confirmou a informação do hotel e a partir daí, sempre em contacto muito estreito connosco, tivemos a tentar saber as circunstâncias da situação, o que é que tinha acontecido aos hóspedes, quer aos afectados, quer aos não afectados, e estivemos, tanto por contacto telefónico como por contacto por 'email', à procura de informações e, na verdade, fomos sempre nós a informar as autoridades. Nós fomos sempre mais rápidos do que as autoridades na obtenção de informações", concluiu.

O ataque perpetrado por um homem armado contra o hotel Riu Imperial Marhaba, em Port El Kantaoui, na costa oriental, a 140 quilómetros a sul de Tunes, foi esta noite reivindicado nas redes sociais pelo grupo radical auto-proclamado Estado Islâmico.

Lusa