O universo Espírito Santo continua a cair como uma série de peças de dominó. Esta semana foi a vez da Espírito Santo Hotéis, através da qual a Rioforte controlava os hotéis Tivoli, de abrir um processo de insolvência. A sentença foi proferida na segunda-feira, e ontem foi publicada no Citius.
Isto significa que não foi possível chegar a acordo com os credores da empresa, que já tinha recorrido também ao processo especial de revitalização. Aliás, na publicidade da sentença publicada no portal é referido que os credores não requereram prorrogação do prazo para concluir as negociações com a ES Hotéis, que tiveram início em Fevereiro.
Os credores têm agora, segundo o mesmo portal, 30 dias para reclamar os créditos. Uma reunião de assembleia de credores acontece no dia 8 de Setembro, às 10h00, para avaliar o relatório.
Segundo a sentença, estarão nesse dia vários cenários em cima da mesa. Entre eles, a possibilidade de um plano de insolvência “com vista ao pagamento dos créditos sobre a insolvência, a liquidação da massa e a sua repartição pelos titulares daqueles créditos e pelo devedor”. Este plano poderá ser apresentado tanto pelo administrador de insolvência – Amadeu José Maia Monteiro de Magalhães – como pela ES Hotéis, ou ainda por outro credor ou grupo de credores que detenham um quinto do total dos créditos da empresa.
O processo de insolvência da ES Hotéis não é o mesmo que o da cadeira Tivoli Hotels &Resorts, que aderiu a um processo especial de revitalização de forma a tentar a recuperação. Em vista está a venda das unidades hoteleiras à tailandesa Minor, que já comprou quatro hotéis Tivoli em Portugal. A Minor International Public Company Limited (MINT) adquiriu, em Janeiro passado, seis hotéis do grupo Tivoli no Brasil e quatro unidades hoteleiras em Portugal: Tivoli Lisboa, Tivoli Marina Vilamoura, Tivoli Carvoeiro e Tivoli Marina Portimão. O investimento total chegou aos 168 milhões de euros.
“A administração da Tivoli Hotels & Resorts vem clarificar que a actividade deste grupo hoteleiro e os processos especiais de revitalização em curso decorrem autonomamente face à holding Espírito Santos Hotels”, esclareceu no início da semana a empresa.
Todos estes hotéis continuam, no entanto, arrendados à Tivoli Hotels &Resorts, que mantêm a exploração sob a marca. No total, a cadeia tem 14 unidades hoteleiras em Portugal.
Recorde-se também que a Rioforte, que detinha a ES Hotéis, entrou em processo de insolvência no final do ano passado, poucos meses depois de o BES ter sido alvo de um processo de resolução.
Montepio perde 60 milhões O banco liderado por Tomás Correia é o principal credor do ES Hotéis, com uma dívida de 60 milhões de euros em papel comercial da entidade, o que representa mais de metade do valor total em dívida: 106 milhões de euros. O BPI, por seu lado, tem um contrato de crédito com a cadeia de Hotéis Tivoli que chega aos 5 milhões de euros: todo este valor foi contratado sem qualquer garantia para o banco de Fernando Ulrich.
Entre os credores da ES Hotéis estão também a Ernst&Young, a Rioforte Portugal a Rioforte Investments e o Tivoli Gare do Oriente.
A declaração de insolvência da ES Hotéis aparece numa altura em que o grupo Espírito Santo voltou à ribalta. O Ministério Público continua a arrestar bens móveis e imóveis de membros da família e de antigos administradores do banco, como forma de preservar o património que poderá ser necessário para ressarcir os lesados dos diversos processos judiciais em curso. O programa de venda de activos do grupo também suscita dúvidas. Exemplo disso foi a suspensão da venda da Herdade da Comporta, activo da Rioforte Investments. A Espírito Santo Financière, a Espírito Santo Financial Group, a Espírito Santo International, a Espírito Santo Control e a Rioforte são as cinco empresas do antigo universo Espírito Santo em insolvência no Luxemburgo.