Rafael Marques. Amnistia Internacional pede reunião com Rui Machete

Rafael Marques. Amnistia Internacional pede reunião com Rui Machete


Autor do livro “Diamantes de Sangue” foi condenado no dia 28 de Maio a uma pena suspensa de seis meses de prisão.


A Amnistia Internacional pediu uma reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros sobre a condenação do jornalista e activista angolano Rafael Marques num processo que considera uma “farsa judicial”.

“A organização de direitos humanos está preocupada com a condenação do jornalista de investigação e defensor de direitos humanos angolano, na sequência de acusações de denúncia caluniosa, que classifica como ‘farsa judicial’”, refere o comunicado da AI sobre o pedido de reunião com o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete.

Rafael Marques, autor do livro "Diamantes de Sangue" foi condenado no dia 28 de Maio pelo Tribunal Provincial de Luanda a uma pena de seis meses de prisão, suspensa pelo período de dois anos.

No mesmo documento divulgado esta quarta-feira, a AI insta as autoridades de Luanda a anularem a condenação e a arquivarem todas as acusações formuladas contra Rafael Marques pelos generais e empresários angolanos.

"A Amnistia Internacional entende que a pena suspensa e as condições expressas na sentença restringem gravemente o trabalho de defensor de direitos humanos de Rafael Marques e constituem uma violação do direito de expressão", indica o mesmo documento.

A organização não-governamental pede também às autoridades angolanas para que sejam asseguradas e respeitadas todas as garantias de um julgamento justo durante o recurso do caso.

Segundo a AI, na formulação da sentença, em maio, o tribunal considerou a premeditação e a publicidade relativas ao livro "Diamantes de Sangue" como circunstâncias agravantes.

Além disso, a Amnistia Internacional recorda que "o veredicto determina" que o livro seja retirado do mercado nos próximos seis meses, incluindo a sua versão online, e que o mesmo não volte a ser publicado nem traduzido.

“A organização crê que a acusação e julgamento do jornalista foram politicamente motivados e concebidos para silenciar um activista que se tem dedicado a expor a corrupção e as violações de direitos humanos em Angola”, refere a organização.

A Amnistia Internacional expressa também preocupação sobre "a questão da liberdade de movimentos" e de deslocação do jornalista porque, sublinha, “já no passado, as autoridades angolanas confiscaram ilegalmente o seu passaporte durante um ano, impedindo-o de viajar para fora de Angola e de prosseguir o seu trabalho como defensor de direitos humanos”.

A organização internacional considera também “que as autoridades angolanas falharam em garantir um julgamento justo a Rafael Marques”.

A agência Lusa está a tentar contactar o Ministério dos Negócios Estrangeiros sobre o pedido de reunião com Rui Machete pela Amnistia Internacional.