O mês de Maio foi um dos piores meses para a emissão de Vistos Gold, tendo sido atribuídos só seis, o que representa um investimento de apenas quatro milhões de euros. O número foi revelado pela Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) que destaca a “quebra abrupta face ao mês anterior que inscreveu a emissão de 88 Autorizações de Residência para Investimento (ARI)” e quando em Abril representou um investimento na ordem dos 64 milhões de euros.
O presidente da associação, Luís Lima diz que estes números “espelham a ineficácia dos serviços processuais que estarão a travar a emissão de vistos de residência”, mas a verdade é que esta medida esteve, no final do ano passado, envolvida em forte polémica quando foram detidos vários responsáveis de organismos por suspeitas de corrupção, entre eles o director do SEF e o presidente do Instituto dos Registos e Notariados.
Luís Lima não fica alheio a esta polémica, já que, de acordo com o presidente da associação, “depois da ‘operação labirinto’ verificou-se uma desaceleração na emissão de processos, que creio que estará relacionada com a atenção e cautela redobrada dos funcionários administrativos ao dar seguimento aos trâmites normais na emissão das ARIs”.
“Esta quase total paragem é muito grave e poderá resultar numa quebra da procura pelo programa português para outros países, como a Espanha, cuja qualidade do programa e a rapidez na agilização de processos levar-nos-á, certamente, muitos potenciais clientes”, acrescentou.
Também a Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI) manifestou-se preocupada com os dados do programa de atribuição de Vistos Gold, “que revelam uma paragem completa” em Maio e pede uma clarificação da situação. A entidade “questiona os motivos que justificam esta total suspensão”, nomeadamente se Portugal “deixou de ser atractivo para os investidores estrangeiros” ou se “os investidores se mantêm” e o que existe são “questões de ordem burocrática”.
Sector atento A opinião é unânime junto do sector da mediação. Luís Lima lembra que, desde que foram criados os Vistos Gold foram investidos neste mercado 1,4 mil milhões de euros. “Um programa com esta importância não pode ficar estagnado devido à ineficácia dos procedimentos administrativos, que aliada à ausência da publicação das já aprovadas alterações à lei em Assembleia República, faz com que os potenciais investidores migrem para mercados semelhantes, prontos para os receber de braços abertos, e com condições mais vantajosas. Estes atrasos poderão mesmo levar ao colapso do programa”, diz.
As mediadoras que foram recentemente contactadas pelo i, admitiram que este continua a ser um negócio interessante, mas muito restrito a determinadas zonas de Portugal e a representarem pouco peso no total das transacções. Segundo as contas da APEMIP; os chineses mantêm-se no topo da lista dos cidadãos que mais investem neste programa, com um total de 1914 vistos concedidos, seguindo-se o Brasil com 86 e a Rússia com 79.