Um projecto para promover a igualdade entre mulheres e homens nas empresas levou-me até à Noruega.
O desenvolvimento deste país está espelhado nos indicadores sobre qualidade de vida e igualdade de género; neste plano em particular, o Fórum Económico Mundial atribui-lhe um dos lugares de topo.
Por cá, a título de exemplo, a presença de mulheres nos conselhos de administração das maiores empresas cotadas em bolsa é das mais baixas da Europa (9%); por lá, o valor aproxima--se dos 40%.
A determinação política tem sido um elemento decisivo neste progresso, apoiada na convicção de que a igualdade de género é um motor crucial do desenvolvimento económico, da competitividade e da justiça social. Depois de estímulos à auto-regulação e dos fracos resultados alcançados, o país foi um dos primeiros a implementar o sistema de quotas na esfera empresarial. A plena igualdade entre mulheres e homens requer alterações na organização da vida familiar, designadamente no sentido da partilha das responsabilidades e dos cuidados parentais.
Por isso, o país foi pioneiro na introdução de uma quota para os pais (father’s quota) no quadro da licença parental. Presentemente, os homens-pais têm direito a uma licença de 10 semanas após o nascimento das/os filhas/os. E os ventos da governação já foram mais progressistas.
Pareceu-me evidente a consciência de que importa atenuar a discrepância entre os avanços legislativos e as resistências reflectidas nas práticas sociais, de que há paradoxos por vencer e que o progresso requer protecção e vigilância colectiva. Respira-se frescura na Noruega.
Professora no Instituto Superior de Economia e Gestão – U. Lisboa.
Escreve à quarta-feira