Sporting vence Taça. Como se diz despertador em árabe?

Sporting vence Taça. Como se diz despertador em árabe?


Reviravolta épica: leão bate Braga nos penáltis e ergue troféu 7 anos depois. Argelino Slimani foi o coração de uma equipa a jogar com dez mais de 100 minutos.


Viveu-se uma tarde épica no Jamor. Nunca a Taça de Portugal se tinha resolvido nos penáltis. Mas não foi apenas por isso. O_Sporting venceu o troféu de forma heróica, depois de estar a perder por 2-0 e a jogar com dez desde os 15 minutos. O_Braga teve tudo para igualar o feito de 1966 (única Taça do seu palmarés) mas deixou fugir o triunfo nos descontos com o golo do empate de Montero. “El avioncito” aterrou com sucesso a equipa para o prolongamento;_porém, quem a impediu de se estatelar em pleno voo foi Islam Slimani.

O argelino fez um jogo impressionante e, quando ninguém parecia acreditar num milagre, o avançado marcou o 2-1 aos 84’. De um golpe, acordou os seus companheiros, acordou os adeptos leoninos (há muito que não se ouvia um pio e alguns deles tinham começado a abandonar as bancadas desde os 75’), enquanto assustou os guerreiros do Minho, que estavam a preparar-se para a festa. O 9 dos leões lutou quase sempre sozinho contra a defesa bracarense mas sem ele os leões estariam a lamentar nova derrota no Jamor. Por isso, apetece perguntar: como se diz despertador em árabe?

Desde cedo que a final começou a correr mal ao Sporting. Cédric travou Djavan na grande área e viu o vermelho directo. Aos 15 minutos os leões ficavam a jogar com dez, aos 16’ perdiam por 1-0. Marco Silva sacrificou João Mário para equilibrar a defesa com a entrada de Miguel Lopes  para o lado direito. Mas a casa haveria de continuar a cair por aí. Depois da “traição” de Cédric, M. Lopes falhou de forma infantil ao perder a bola para Rafa, quando o bracarense arrancou decidido para o 2-0. Ainda não estava decorrida meia hora e o cenário era negro para o sonho leonino de voltar aos títulos sete anos depois.

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Mesmo com dez, o Sporting dominava o adversário e tentava desesperadamente um golo que pudesse relançar o jogo. A equipa de Sérgio Conceição defendia bem organizada e lançava perigosos contragolpes. Se o 2-1 podia chegar, os lisboetas também se arriscavam a sofrer o 3-0 e dizer adeus definitivamente à Taça.

Marco Silva lançou Mané e foi adiando a solução Slimani-Montero na frente por estar a jogar em desvantagem numérica. À medida que o tempo passava, a equipa foi perdendo a crença e os bracarenses iam abusando do anti-jogo. Sem muitas ameaças para a baliza de Kritciuk, o treinador do Sporting sabia que não tinha nada a perder. Montero entrou para o lugar de Miguel Lopes – que pouco antes não correu para se desmarcar num passe de Mané. O lateral parecia ter perdido a crença numa reviravolta, sentimento que transparecia do sector leonino das bancadas. Marco não lhe perdoou.

A dupla atacante viria a valer ouro nesta final. Slimani, num grande trabalho individual, bateu Kritciuk. O golo rejuvenesceu uma equipa leonina cansada (jogava há 70 minutos com dez) e já com poucas ideias. No futebol, é nestas alturas que o coração e a mente passam a ter mais importância que o aspecto físico. Apesar do 2-1, o_Braga estava mais fresco nas pernas e devia ter gerido melhor os minutos finais. Contudo, tem de se dar o merecido mérito aos leões. Empurrados pela crença de Slimani, foram em busca de algo que minutos atrás ninguém se atreveria a adivinhar. Montero empatou já nos descontos, quando havia demasiados nervos no relvado e bancos de suplentes do Jamor.

O Sporting foi para o prolongamento por cima no jogo, como seria de esperar. Sofrer dois golos nos últimos minutos arrasou psicologicamente os minhotos. Nani esteve perto do 3-2, mas foi Rui Patrício que evitou a derrota aos 114’ num remate de Agra.

A final só ficou resolvida nos penáltis e voltamos à mesma justificação: moralmente arrasados, os jogadores do Braga só acertaram um em quatro remates. O Sporting não falhou e garantiu a

16.ª Taça de Portugal do seu palmarés, igualando o FC_Porto. Sérgio Conceição podia ter ficado como o melhor treinador do século XXI_no Braga; na caminhada para o Jamor ganhou na Luz, algo que os guerreiros nunca tinham conseguido. Se vencesse, matava um borrego de quase 60 anos. Esteve quase, quase.

Nani volta a despedir-se do Sporting com um troféu conquistado no Jamor, como em 2007/08, com Paulo Bento ao leme. Marco Silva também poderá ter feito o último jogo pelos leões, deixando a sua marca: desde Bölöni que um técnico não conseguia um título no ano de estreia em Alvalade. Não se sabe se com Marco e Jesus, mas a época 2015/16 abre com um dérbi lisboeta na Supertaça.